sábado, 24 de outubro de 2009

BONS PROFESSORES EDUCAM PARA UMA PROFISSÃO, PROFESSORES FASCINANTES EDUCAM PARA A VIDA!



  
               Gladis Maia

 “O sistema social não os valoriza na proporção da sua grandeza, mas tenham a certeza de que, sem vocês, a sociedade não tem horizonte, nossas noites não têm estrelas, nossa alma não tem saúde, nossa emoção não tem alegria.(...) O mundo pode não os aplaudir, mas o conhecimento mais lúcido da ciência tem de reconhecer que vocês são os profissionais mais      importantes da sociedade.”  

Augusto Cury, autor da epígrafe, psiquiatra, cientista, autor de Inteligência Multifocal no seu livro Pais brilhantes& Professores fascinantes, da editora Sextante – obra que nenhum professor deveria deixar de ler –  alerta a sociedade  e governos para resgatarem não só os salários, mas a dignidade dos professores e sua saúde, pois a maioria dos mestres brasileiros está estressada, portadores da SPA, Síndrome do Pensamento Acelerado, que afeta também a maioria dos alunos.

Segundo ele, na Espanha as estatísticas revelam que 80% dos professores estão estressados. Na Inglaterra, o governo está tendo dificuldades para formar professores, especialmente para o Ensino Fundamental e Médio, porque poucos querem abraçar nossa profissão. No Brasil, 92% apresentam três ou mais sintomas de estresse e 41 % , dez ou mais.

“É um número altíssimo, indicando que quase a metade dos professores não deveria estar em sala de aula. Mas internada numa  clínica antiestresse”, afirma Cury.  “Os números gritam. Eles indicam que os professores estão quase duas vezes mais estressados do que a população de são Paulo, que é uma das maiores e mais estressantes cidades do mundo”, acrescenta. Em são Paulo, 22, 9% da população apresenta dez ou mais sintomas de estresse. 
        
No capítulo DESTRUÍRAM A QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR, somos acariciados... “Que tipo de batalha estamos travando para que nossos nobres soldados que se encontram no front – os professores – estejam adoecendo coletivamente? Que tipo de educação é esta que estamos construindo e que vem eliminando a boa qualidade de vida de nossos  queridos mestres? Damos valor ao mercado de petróleo, de carros, de computadores, mas não percebemos que o mercado da inteligência está falindo?”  

E também nos dá um recado:  “Por favor, tenham paciência com seus alunos. Eles não têm culpa dessa agressividade, alienação em sala de aula. Eles são vítimas. Detrás dos piores alunos há um mundo a ser descoberto e explorado. Há uma esperança no caos. Precisamos construir a Escola de nossos sonhos.”

Vou tentar descrever abaixo sucintamente o que o psiquiatra chama de SPA,  Síndrome do Pensamento Acelerado:

Causada pelo excesso de estímulos proporcionados  pelos meios de comunicação (especialmente  a TV , independente do conteúdo que esteja transmitindo), que acabam gerando  uma compulsão por novos estímulos no telespectador, que  numa tentativa de aliviá-la - semelhante ao  caso das drogas químicas, lícitas ou não, onde o uso das doses tende a ser cada vez maior -  se  instala a SPA . 

Segundo Cury, há um século a velocidade dos pensamentos das crianças  era bem menor do que a atual, motivo pelo qual  o modelo de educação do passado,embora não fosse ideal, funcionava.

 Os portadores de SPA adquirem uma dependência por novos estímulos e por isto eles se agitam na cadeira , têm conversas paralelas, não se concentram,  mexem com os colegas.

 “Estes comportamentos são tentativas de aliviar a ansiedade gerada pela SPA. (...)  Pensar é excelente, pensar muito é péssimo. Quem pensa muito rouba energia do córtex cerebral e sente uma fadiga excessiva, mesmo sem ter feito exercício físico. Este é um sintoma.” 

Os demais sintomas são: déficit de concentração;  irritabilidade; sofrimento por antecipação; sono insuficiente; aversão à rotina; esquecimento; e,  às vezes,  sintomas psicossomáticos acompanham,  tais como,  taquicardia, gastrite,   dor de cabeça,  dores musculares.

 “Por que um dos sintomas é o esquecimento? Por que o cérebro tem mais juízo do que nós e bloqueia a memória para pensarmos menos e gastarmos menos energia”.

 A  SPA seria uma hiperatividade de origem não-genética,funcional. Além da TV,  com seu natural excesso de estímulos visuais, o excesso de informações também é causa da SPA. Uma criança de 7 anos tem mais informações do que um adulto de 60 anos,   há um século atrás...

Outra causa está na paranóia do consumo e da estética que dificulta a interiorização. Isto tudo excita por demais esses jovens que é claro não querem, melhor dizendo não podem, assistir impávidos às nossas preleções, se não forem das mais animadas numa sala de aula....

A intranqüilidade da mente não o permite.  A SPA compromete a saúde psíquica de três formas: ruminando o passado e desenvolvendo sentimento de culpa, produzindo preocupações sobre problemas existenciais e sofrendo por antecipação.

Como diz Cury, não basta ser um bom professor, tem que ser fascinante para transformar a sala de aula num oásis e não numa fonte de estresse. Além de conhecer a alma humana, é preciso munir-se de ferramentas pedagógicas eficientes para conseguirmos  prender a atenção do  aluno, pois caso contrário alunos e professores estarão fadados à falta de comunicação necessária para que a construção do conhecimento se processe. Pensem nisso! Namastê!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Redes de solidariedade são fundamentais para os PNE construírem suas individualidades



Gladis Maia

Do nascimento à morte, o ser humano participa de uma trama interpessoal que o molda e que ao mesmo tempo contribui para moldar a sua rede social. No início ela é constituída pela família, depois os amigos passam a integrá-la, os colegas de estudo e de trabalho e outras pessoas que formam a sociedade na qual se vive. O vínculo pode ser considerado a palavra-chave para a compreensão do conceito de rede social.

Alguns estudos sobre estas redes colocam em evidência a importância dos vínculos sociais extra-familiares na vida cotidiana dos seres humanos, em função dos traços de afinidade, que formam uma teia, unindo as pessoas. Uma rede de solidariedade é fundamental para a construção e o desenvolvimento da individualidade.

Uma rede social pessoal estável, sensível, ativa e confiável protege a pessoa na vida cotidiana, atua como agente de ajuda e encaminhamento, interfere na construção e manutenção da auto-estima, acelera os processos de cura e recuperação e aumenta a sobrevida.

É importante assinalar que a busca de melhor compreensão das vivências e relações familiares requer que se considere a cultura familiar como determinante do modo de funcionamento interno e as interações com o mundo externo.

No contexto da cultura familiar, o cuidado familial pode ser reconhecido por vários atributos, dentre os quais, de acordo com Ingrid Elsen, que cunhou a expressão cuidado familial no Brasil, cinco se destacam: a presença, a promoção da vida e bem-estar, a proteção, a inclusão e a orientação para a vida.

Ponto original da construção da rede de pertencimento do indivíduo, a família constitui uma rede de relacionamentos, um território de pertencimento recíproco, um espaço dos mais significativos para a convivência humana.
A presença compreende ações, interações e principalmente interpretações através das quais a família expressa solidariedade a seus membros.

A promoção da vida e bem-estar tem a finalidade de impulsionar, potencializar e qualificar a vida de cada um no grupo familiar e se realiza na criação de um ambiente físico e psicológico favorável às trocas afetivas e simbólicas e ao crescimento individual e grupal.
A proteção se manifesta antes mesmo do nascimento dos sujeitos, mas se efetiva em medidas que visam garantir a segurança física, emocional e social de cada um e do grupo familiar como um todo.
A inclusão visa à inserção familiar e social de seus membros. O sentimento de pertença é essencial não só à criança em desenvolvimento, mas a qualquer dos membros da família.

A convivência é considerada como uma das formas efetivas de desenvolvimento e cultivo da inclusão, não só na família como na sociedade e pode ser traduzida pelo respeito à individualidade, aceitação das diferenças, reconhecimento dos direitos de cada um, estímulo ao diálogo, entre outros aspectos.

E a orientação para a vida pode ser traduzida como um “guia internalizado” por cada um dos membros da família, na medida em que aponta para o que é considerado correto, aceitável, esperado, desejado para o indivíduo ou grupo familiar.

Muito se tem atribuído às escolas a formação integral do sujeito, esquecendo-se a importância da família e da sociedade neste processo, especialmente em tempos de inclusão, mas o desenvolvimento da personalidade e da plenitude das potencialidades de todo ser humano passa necessariamente pela presença ou ausência dos cuidados acima especificados. Nós somos essencialmente seres sociais. Pensem nisso! Namastê!