quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O DESAFIO É: APRENDER A VIVER COM UMA APRENDIZAGEM CIDADÃ.




Gladis Maia

Muitos professores estão instalados em seus hábitos e
autonomias disciplinares. [...] como lobos que urinam para marcar seu território e mordem os que penetram.


O autor da epígrafe deste artigo, Edgar Morin – sociólogo francês, autor de A Religação dos Saberes, Ciência com Consciência, entre outros títulos – aborda, em “A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma reformar o pensamento”, uma não tão velada crítica aos saberes estanques, compartimentados em disciplinas, tais como se apresentam na contemporaneidade nos currículos escolares.


O livro apresenta - em poucas e complexas páginas - idéias a respeito de uma reforma de ensino que demanda para o seu sucesso também uma reforma na cabeça dos reformadores.


Morin acredita que os problemas do limiar do século XXI (a obra é de 1999), cada vez mais transnacionais e planetários, reclama uma inter-poli-transdisciplinaridade entre os saberes.


Para o autor, os desenvolvimentos disciplinares das ciências acarretaram a hiper-especialização corrente em nossos dias, produzindo não só conhecimento e a elucidação, vantagens para a divisão do trabalho, mas o despedaçamento do saber , ao se fechar em si mesma, sem permitir sua integração em uma problemática global ou em uma concepção de conjunto do objeto de estudo,seja qual for ele.


A organização disciplinar, nascida no século XIX, com a formação das universidades modernas e desenvolvida crescentemente no século XX, com o impulso da pesquisa científica, a par das grandes descobertas, trouxe ao ensino a incapacidade de articulação dos saberes e o atrofiamento da qualidade fundamental da mente humana, ou seja, sua aptidão para a contextualização e integração.


Trouxe ainda o desafio da expansão descontrolada do saber. Nas palavras do ensaísta francês: “O crescimento ininterrupto dos conhecimentos constrói uma gigantesca torre de Babel, que murmura linguagens discordantes. (...) em toda parte, nas ciências como nas mídias, estamos afogados em informações. O especialista não chega sequer a tomar conhecimento das informações concernentes à sua área”, dificultando, conseqüentemente, a integração de novos conhecimentos para a condução de nossas vidas.


Essa falta de percepção global enfraquece o senso de responsabilidade e, por conseqüência, a solidariedade. Cada um tende a responsabilizar-se por sua tarefa especializada. Ninguém mais conserva o elo orgânico com a cidade e seus concidadãos.


Enquanto o expert perde a aptidão de conceber o global e o fundamental, o cidadão perde o direito ao conhecimento, muito mal compensado pela sua vulgarização na mídia.


Morin levanta também a problemática histórica e cabal da necessidade de uma democracia cognitiva, pois quanto mais técnica torna-se a política, mais regride a competência democrática.


Autoridades em ensino parecem desconhecer que o desenvolvimento das aptidões gerais da mente permitem o melhor desenvolvimento das competências particulares ou especializadas.


Ele denuncia também que o livre exercício da curiosidade( faculdade comum e mais ativa na infância e na adolescência), a arte da argumentação e da discussão, a valorização do pensar bem, a reflexão sobre os conhecimentos científicos, a serendipididade ( arte de transformar detalhes aparentemente insignificantes, em indícios que permitem reconstruir toda uma história) estão quase todo o tempo fora dos trabalhos, durante a Escola Fundamental e Média.


O ensaísta esclarece que os atributos de um ensino educativo acima descritos são geralmente desprezados, em nome de uma autodisciplina e bom comportamento infecundos e de uma acumulação de conhecimentos, também estéril.


Como esclarece o autor, o conhecimento comporta, ao mesmo tempo, separação e ligação, análise e síntese. Nosso ensino tem privilegiado a separação, em detrimento da ligação, e a análise, em detrimento da síntese. Sendo que é um imperativo da Educação contextualizar e globalizar os saberes: reconhecer a unidade dentro do diverso e o diverso dentro da unidade.


A cultura das humanidades – que favorece a aptidão para a abertura a todos os graus e grupos de problemas – aliada à cultura científica, numa “Educação para uma cabeça bem-feita”, pode promover a capacidade , ao longo das diversos níveis de ensino, para se responder aos formidáveis desafios da globalidade e da complexidade na vida quotidiana, social, política, nacional e mundial, na sua visão.


Diz que o ensino contemporâneo, ao tender ao programa, está defasado, porque a vida exige estratégia e, se possível, serendipidadade e arte.
A estratégia opõe-se ao programa, ainda que possa comportar elementos programados, pois o programa só funciona em condições externas estáveis; a menor contrariedade desregula sua execução. Já a estratégia procura, incessantemente, reunir informações colhidas ao acaso, durante o seu percurso. A estratégia, ao trazer a consciência da incerteza que vai enfrentar – lembre que no Brasil estamos em tempos de implantação da inclusão em nossas escolas – encerra uma aposta, exigindo fé e esperança.


Percebamos que, já é mais do que hora da Educação decidir-se por um ensino que realize a convergência de vários ensinamentos, mobilizando diversas ciências e disciplinas para enfrentar a incerteza do mundo que muda, numa velocidade vertiginosa, em todos o sentidos.


Em sendo assim, a Educação deve - acima de tudo - passar a contribuir para a auto-formação da pessoa, ensinando ao aluno a assumir sua condição humana, ensinando-o a viver e se tornar cidadão solidário e responsável pelo seu semelhante, pela sua comunidade próxima, pela sua pátria, continente, planeta e até mesmo o cosmo. E, para que tudo isto aconteça, mais do que nunca é preciso amar, pois, “Onde não há amor, só há problemas de carreira e de dinheiro para o professor; e de tédio, para os alunos.” Particularmente, gostei da leitura e a recomendo. Vale a pena conferir!Namastê!

Professores em geral, e os de Educação Física em particular, devem entender bem de imagem corporal..




                                  Gladis Maia
O início das pesquisas sobre imagem corporal datam da virada do século XX e foram realizados por neurologistas, que desejavam investigar distúrbios de percepção corporal em seus pacientes com lesões cerebrais no SNC.
Os estudos de Paul Schilder, neurologista de formação e fortemente influenciado pela Psicanálise e pela Filosofia, associam os aspectos neurofisiológicos, sociais e afetivos na formação da imagem corporal.
Segundo ele, as primeiras experiências infantis são extremamente importantes para a conexão do indivíduo com o mundo e consigo - por toda a vida - porque nesta fase estão acentuadas as experiências de sensações e exploração do próprio corpo.
Isto leva a uma compreensão de que os processos de construção da Imagem Corporal se dão nos campos da percepção e se relacionam também intimamente com as áreas emocional e libidinal.
Entenda-se por libidinal o processo de captação do mundo pelo sujeito em seu aspecto de animação, de movimento, de amor e de vida. Um mundo dinâmico e relacionado às impressões mais pessoais e interiores, já que o corpo é o receptáculo de todo esse movimento.
Também as doenças e situações desfavoráveis de saúde exercem ações especiais no corpo humano, principalmente no aspecto fisiológico, que repercute diretamente na diversidade de modelos posturais, que incutem auto-percepções, que implicam em alterações da imagem corporal.
A angústia, por exemplo, é destacada por induzir um progressivo desmembramento do corpo, e influir na construção de quadros degenerativos de imagem corporal.
Até mesmo o interesse e a atenção das pessoas que nos cercam exercem muita influência na elaboração de nossa imagem corporal, as experiências e sensações obtidas por ações e reações dos outros em nossas relações sociais são parte integrante do processo de construção desta imagem.
A grande chave para darmos um passo na reflexão e ação da educação do corpo na educação, é vivenciarmos o corpo de dentro para fora, e permitirmos este caminho enquanto educadores da Dança, da Educação Física e da Pedagogia Especial, ou qualquer outra área do Conhecimento.
Enquanto o corpo for tratado como algo fora de nós, encontraremos somente valores mercadológicos, de compra e venda de corpos, tendo como referências a mídia e o consumismo da moda, que atingem os corpos diferenciados com desrespeito.
Paul Schilder explica que é necessário um aprofundamento neste aspecto tridimensional do corpo para uma atuação profissional consciente, em especial dos profissionais da Educação – e, com mais atenção ainda, d os que atuam na área da Educação Física Escolar sob o paradigma da Inclusão.
Todavia, lidar com as representações próprias e captar o sentido das representações das crianças e do outro para elas, remete o professor ao seu mundo interior, porque este também possui um universo de pulsões, de tendências e de desejos.
Percepções que se fazem vivas em sua maneira de lidar - ou não - com as diferenças! O profissional que tem familiaridade com as próprias sensações, que conhece o significado delas, tende a ser flexível em suas relações e reconhece com mais facilidade o espaço do outro.
Em toda ação, agimos não apenas como personalidades, mas também com nossos corpos. Nosso corpo, e com ele nossa imagem corporal, faze necessariamente parte de qualquer experiência vital.
E, em tempos de Inclusão, é necessário que a Educação Física na Escola seja também inclusiva, pois quando ela é direcionada às pessoas com NEE favorece as suas possibilidades de desenvolvimento físico, psicológico e social.
Com certeza não é fácil romper com uma Educação Física que estruturou-se a partir de idéias de um aluno padrão, corpo perfeito, rendimento e aptidão física e permitir-se o direito de ser, de existir – e de deixar ser e existir o outro - de forma real, com todas as suas diferenças e semelhanças, sem a preocupação de parecer e estar fashion, apenas acontecer em sua singularidade.
Todavia, para que essas crianças com NEE tenham a oportunidade de vivenciar estes conteúdos é de fundamental importância que os professores de EF, e os educadores em geral, tenham confiança em suas habilidades e uma forte crença de que são capazes de educar com êxito todo e qualquer aluno, seja ele: obeso, lento, extremamente ágil, cadeirante, surdo, desinteressado, desmotivado ou cego, entre outros. Reflita sobre isso! Namastê!








NÃO UMA ESCOLA ESPECIAL, MAS UMA ESCOLA REGULAR, DE ESPECIAL QUALIDADE PARA TODOS!





                Gladis Maia

Não é novidade para ninguém, acredito, que os elevados níveis de desigualdade social e regional fazem do Brasil um dos países mais tiranos e perversos, em sua distribuição de renda. Enquanto 10% dos brasileiros concentram cerca de 45% da renda nacional – colocando-nos entre os ricos mais ricos do mundo – cerca de 10% dos mais pobres não chegam a somar 1% da renda do país, cabendo-nos a triste sina de sermos os pobres mais pobres do mundo.

Diante deste triste quadro, é  óbvio que o sistema educacional sofra os reflexos desta desigualdade econômica,  social e cultural. Na área da Educação,  afirmar que os excluídos são apenas os deficientes, é no mínimo desinformação, basta nos nortearmos pelos elevados índices de fracasso escolar, revertidos em reprovação e evasão, mais particularmente nas escolas públicas deste nosso continental país.

A proposta da Inclusão, pressupõe um mundo inclusivo, onde todos  tenham acesso às oportunidades, partícipes de uma sociedade que não seja marcada só pelo interesse econômico ou pela caridade pública, mas pelo respeito à cidadania.

 Uma sociedade onde imperem sentimentos sadios de  cooperação, solidariedade e respeito às diferenças de etnia, religião, gênero, lingüísticas,  capacidades, deficiências, etc.

Uma sociedade onde crianças, jovens e adultos – com ou sem deficiência - residentes em zonas urbanas ou rurais, em grandes e pequenas cidades, tenham mais sucesso em suas vidas e, substancialmente, na maravilhosa experiência da aprendizagem acadêmica, a qual todos têm direito ou pelo menos deveriam tê-lo.

 Quem conhece um caleidoscópio – apontado como a melhor metáfora para simbolizar a Inclusão escolar - sabe quão lindas e múltiplas figuras se formam a cada movimento naquele precioso objeto.

Ele tornou-se símbolo da Inclusão porque nele todos os pedacinhos são importantes e significativos para a composição da imagem; quanto mais diversos forem, mais complexa e rica se torna a figura do conjunto.     
Paradoxalmente, quando falamos em Inclusão, essa riqueza e  complexidade assustam muito, é aí que reside o maior obstáculo de sua concretização, inclusive, pois o despreparo do professor para lidar com a realidade multifacetada é visível já à primeira vista.

 A maioria dos educadores foi formada para atuar em turmas homogêneas, mais especialmente nas turmas “As”. Lembro-me que, na década de 70, minha escola possuía várias 5ªs séries, que iam de “A” a “F” – logo após a reforma que mexeu com o português e aboliu uma das séries do Ensino Fundamental – e, evidentemente, que ninguém queria dar aula para as “D” , “E” e “F” ... Felizmente estas divisões estão em desuso em nossos dias!Pelo menos no papel.

Desmotivados para viver a experiência da escola inclusiva – baixos salários; dupla ou tripla jornada de trabalho; falta de recursos para cursos de atualização e compra de livros ou de tempo para a sua leitura;  sentimentos de rejeição e revolta, decorrentes das imposições de cima, por força da lei ; entre outros motivos – a maioria dos professores das escolas regulares declara não estar preparada para inserir alunos com deficiência em suas turmas.

E o pior, é que as queixas dos professores são verdadeiras e afetam os anseios de todos os educadores, mesmo daqueles que acreditam piamente no ser humano e na importância do saber, como um bem essencial à vida de todos nós.

 Os governos, em todas as instâncias, precisam acordar para esta triste realidade, antes que seja tarde. Antes que a violência se espraie ao nível do terror, antes que a maldade seja a tônica, antes que as boas intenções sejam amordaçadas e tidas como subversão à ordem do salve-se quem puder... Estamos assistindo ao treiller, todos os dias nos noticiários...

As autoridades educacionais, em particular, precisam estar atentas na qualidade de formação inicial de nossos professores – em nível de 2º Grau ou Superior – para que possamos encontrar soluções compatíveis com a urgente necessidade de melhorarmos as respostas educativas de nossas escolas especiais para todos os alunos.

A formação de qualquer professor deve ser rica o suficiente para permitir não só uma fundamentação teórica de bom nível, mas uma consciência da realidade que irá atuar, pois a relação entre a habilitação acadêmica e o cotidiano das escolas está terrivelmente dissociada , resultando nos altos índices de fracasso escolar.
E, chega de taparmos o sol com a peneira, responsabilizando apenas os alunos  pelo seu fracasso escolar...

Todo professor deve ser um especialista em aluno - um ser, com sentimentos e desejos,  que evolui e constrói conhecimentos a partir da bagagem de formação e informações que traz ao chegar à Escola.

Especialistas em alunos - seres que necessitam ser formados como pessoas, capacitados para pensar bem, como prega Edgar Morin, e  agir no exercício da cidadania.

Especialistas – com uma visão de conjunto, que entendam da sociedade e da educação na sociedade, como prega Freire - hábeis e criativos na práxis professor-aluno, para ajudar aos menos vividos na academia, na construção de um saber crítico e reflexivo.

Professores que saibam formar cidadãos,  que tão logo tenham consciência da importância,  ajudem na construção de  um mundo mais fraterno e solidário, que persiga a paz entre  os homens.

A escola inclusiva não é aquela que apenas abre matrículas para receber pessoas com deficiência, mas aquela que dá acesso, ingresso e permanência para estes alunos e todos os outros que baterem às suas portas. E, ao recebê-los, integra-os à totalidade do grupo, tornando-os aprendizes da experiência de pertencer à sociedade, como seres humanos de 1ª grandeza: aprendizes do sucesso, vivenciando as benesses e  as responsabilidades de ser cidadão.

Diante desta radiografia desoladora, parece-nos evidente que o contingente de excluídos do acesso e usufruto aos bens e serviços acumulados historicamente  seja formado apenas por portadores de deficiência -  embora nesta camada a incidência seja mais  dolorosa – mas contenha todo tipo de marginalizados. Reflitam sobre isso! Namastê!

Se votares nulo na próxima eleição teu protesto inócuo será um favor àqueles que deveriam ser banidos da vida política.




                                                  Gladis Maia


(...)votar nas reformas que o Brasil tanto necessita, como a agrária, na redução
do desemprego e na conquista do desenvolvimento sustentável, com plena soberania nacional, não serão oseleitos que te agradecerão, e sim teus filhos, as gerações futuras (...) Frei Beto, in Por que votar?


A gente vai ficando desiludida com o que os meios de comunicação nos informam diariamente a respeito da seara política... Parafraseando a bíblia,diria: é mais fácil um camelo entrar no furo de uma agulha do que um homem sério, de respeito, com boas intenções, cumpridor do seus deveres, preocupado com o social e com os destinos deste país e do nosso planeta entrar para a política ...


Mas, apesar disso, e até por isso, caro eleitor, não vamos deixar que os maus políticos destruam a nossa boa fé, a nossa esperança de dias melhores, neste país continental que tem, no mínimo, terra para todo mundo que, se bem cultivada, daria para alimentar todos nós e ainda exportar o excedente...


Nas eleições deste ano não vamos arrefecer e nos entregar ao desencanto, à inércia, à frustração. O voto é sagrado, não o destruamos! Deixar de votar ou votar em branco é sinônimo de abrir espaço à corrupção, ao caudilhismo, à tirania e rejeitar a democracia como meio legítimo e pacífico de conquistas sociais.


Em outubro próximo, quando formos às urnas, não nos iludamos com o marketing que aplica aos candidatos uma parafernália de “cosméticos” capaz de transformar “lobo” em “chapeuzinho vermelho” ou “vovozinha”... Todos na mídia ficam muito simpáticos, confiáveis e dispostos ao mais imaculado desempenho se forem eleitos...


Fiquemos longe dos palanques para ouvir e ler o palavrório com discernimento e distanciamento psíquico. Não vamos nos deixar enganar pela retórica das promessas enganosas, dos compromissos altruístas de quem dá esmola para se livrar dos mendigos... Vamos investigar a vida dos nossos candidatos, suas idéias, seus atos, sua ética.
Mesmo que o nojo teime em ser companheiro, vamos levantar a cabeça acima das bandeiras mentirosas dos políticos porque precisamos deles, pois eles representam as nossas instituições que devem ser firmemente fiscalizadas por todos nós.


Um dia - e eu quero estar viva para ver e aplaudir - a ascensão da política ao lugar que lhe é de direito.Pois, se a política servisse à maioria, teríamos menos desigualdades sociais e baniríamos o desemprego, a violência, a fome e a miséria.


Se Deus quiser estarei viva ainda quando a política deixar de servir ao sistema financeiro, aos credores da dívida pública, ao latifúndio e aos oligopólios.


Ah, eu quero sim estar viva para ajudar a eleger homens do porte de um Tche Guevara, de um Mandela, de um Gandhi, de um Marting Luther King, de um Chico Mendes, de um Lutzemberguer, de um Betinho ... E Deus vai permitir!


Você já se perguntou por que só algumas pessoas são cidadãs de primeira categoria? Quais as causas da fome, da miséria, da violência, das drogas? Por que os impostos são tão altos e há ainda tanta falta de saneamento básico ? Por que não se investe em Educação e em Saúde? Quem elege os políticos corruptos? Por que o Brasil não é de todos os brasileiros?


Nas próximas eleições, leve tudo isto em conta... Vamos desconfiar dos políticos que trazem o peito estofado e o olhar arrogante. Não vamos votar em quem só anda com ricos e poderosos...


Nesta eleição, vamos perguntar àqueles que admiramos, por seu exemplo de ética, em quem votarão. Vamos observar os projetos do partido e do candidato, mas olhando para trás e verificando se este partido já realizou algo semelhante antes. E, evidentemente, a pessoa em questão... Ninguém vira socialista de uma hora para outra, tenham a certeza absoluta.


Na eleição de outubro vamos ter cuidado com os alpinistas sociais. Eles são aqueles que teimam em vestir-se de cordeirinho. Eles inventam uma biografia toda pontuada de pobreza, de sacrifício, de boas intenções, com as mãos nos ombros dos futuros eleitores, olhos nos olhos, tapinha nas costas e no colo a criança mais ranhenta que acharem nas cercanias.


Eles adoram dizer-se filhos de operários, grandes lutadores que suaram a camisa para chegar aonde chegaram. Foram engraxates, balconistas. Iam para a escola sem sapato, sem meia, com fome. Estes são talvez os piores dentre a classe, por que são aqueles que ao serem eleitos ascendem a uma classe social da qual não querem mais sair e nem vislumbrar a classe baixa, querem distância, fazem uma volta para não atender a um pobre e nunca mais são achados nos seus gabinetes, que falavam que estariam sempre com as portas abertas....


Vamos lembrar, nas eleições deste ano, que todos os detalhes de nossa vida resultam da qualidade da política que predomina no país. O alimento que ingerimos, o transporte que utilizamos, o salário que recebemos, os cuidados de Saúde, a Educação de nossos jovens, o próprio lazer, enfim, a qualidade da cidadania que exercemos, dependem da política. Não adianta fugir dela. Nosso voto pode alterar ou reforçar as injustiças que fazem conosco ou com nosso vizinho perto ou distante.


O voto é a nossa arma! Abra seu coração, ele sabe qual é o voto certo, pois com nosso voto poderemos eleger homens e mulheres imbuídos de uma visão humanista, pessoas que achem imprescindível a dignidade a tal ponto que vivam na luta para estendê-la a todos os homens e mulheres adultos e a todas as crianças. Vamos eleger políticos que na sua história de vida carreguem uma lista de bons serviços prestados à humanidade. A urna nos espera! Que Deus abençoe a todos os eleitores e aos políticos de boa vontade, na eleição de outubro!Namastê!

Não se iluda, entre educadores e pais também encontramos pessoas despreparadas e até sádicos, brutos e irresponsáveis.


                                                    
                                                               Gladis Maia

A Declaração dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU  em 1959, garante, em seu princípio 7, que a criança tem direito a receber a educação escolar gratuita e obrigatoriamente.

Explicita também que esta educação deve favorecer a sua cultura geral e lhe permitir, em condições de igualdade de oportunidades, desenvolver suas aptidões, sua individualidade e seu senso de responsabilidade social e moral, para tornar-se um membro útil à sociedade.

 Reza que o interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que tem a responsabilidade por sua educação e orientação.

E descreve ainda que a criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras, os quais deverão estar dirigidos para a educação.

Como vimos, o respaldo legal existe, garantindo às crianças uma série de direitos que, se fossem cumpridos à risca, nos fariam a todos felizes.

Infelizmente temos muito ainda que lutar para que a lei saia do papel e torne-se realidade palpável, para todas as crianças deste nosso imenso país.

Para que nenhuma criança precise mais trabalhar. Para que nenhuma criança precise perambular pelas ruas, sem casa, sem família.

Para que nenhuma criança seja maltratada por nenhum adulto, inclusive por seus pais.

Para que todas as crianças possam ter saúde, alimento e brinquedo.

Para que todas as crianças freqüentem uma Escola da qual se orgulhem e pela qual se apaixonem.
        
Toda criança deve ter o direito de viajar, de vez em quando, pelo mundo do sobrenatural.

 Toda criança deve ter o direito de acreditar no impossível, exigir dela somente a crença no possível é uma forma de bloquear sua criatividade e por conseqüência sua inteligência. É uma forma de lhe tirar a confiança e de impedi-la que tenha fé.

É preciso que aceitemos que toda criança tem direito de viver as suas fantasias. O mundo da fantasia é o reino da criação. Suas fronteiras vão muito além dos limites dos sentidos e sua lógica é diferente daquela que governa a razão.

Percebe-se que, à medida que os anos passam, cresce a distância entre as exigências do adulto e os desejos da criança. Os adultos sisudos não se dão conta de que a criança que está fantasiando, misturando a realidade com o irreal, está fazendo o uso mais intenso e ousado da criatividade.

 No mundo dos seus sonhos, ela  consegue criar novas harmonias, inventar seus próprios caminhos e assim apurar sua sensibilidade,  podendo com isto até alheiar-se da dor que sente pela falta de atenção que recebe, pelas deficiências de sua educação, em casa e na escola,e mesmo pelo excesso de inutilidades despejadas sobre sua cabeça, com o pretexto de a educar.  

Ela precisa ter este direito assegurado para ser realmente uma criança, só deste modo ela poderá caminhar para a sua realização como pessoa.

Muitos professores e pais– provavelmente alguns até bem intencionados, mas equivocados -  procuram traços de caráter e valores que lhe parecem valiosos e desejam moldar todas as crianças num padrão único.

Como reação, as crianças acabam trilhando um dos dois caminhos: ou adotam sinceramente suas sugestões; ou acabam fingindo sujeitar-se aos dogmas desejáveis apresentados, só não sabemos por quanto tempo ...

Mas, lembrem-se, quanto maior o esforço que uma criança faz para assumir uma máscara ou submeter-se à influência dos pais ou professor, tanto mais tempestuosa será sua reação quando cansar de fingir, mesmo que inconscientemente.

Nesta ciranda de faz de conta – no mau sentido, forjando-se individualidades – há pais e professores que fazem de tudo para ocultar seus próprios defeitos e atos condenáveis. Fingem-se de santos . A criança não tem permissão para criticá-los, de forma alguma. Só ela pode ser desnudada e exposta ao castigo. Exigem-lhe que respeite automaticamente aos mais velhos, aos mais experientes, em vez de se lhe ser dado o exemplo correto e o direito de julgá-los pelo que valem.

O tal respeito, de carteirinha por idade,  na verdade acaba facultando-lhe, incentivando, que os adolescentes inescrupulosos dominem os menores,  através da persuasão e de pressões, isto pode acontecer tanto na família,  como na Escola ...
        
Os professores muitas vezes se cansam da vida agitada, barulhenta e instigante da criança, com os seus mistérios, suas perguntas e   perplexidade diante de suas descobertas e tentativas, muitas vezes mal sucedidas.

O educador acaba não vendo os esforços que certa criança faz para preencher, cuidadosamente, uma folha de papel e limita-se a constatar,  friamente,  que tal trabalho executado por aquela criança não é bom, não é bem feito, não está certo....

O declínio do trabalho deste tipo de educador percorre muitas vezes, a seguinte trajetória: menosprezo, desconfiança, suspeita, espreita, flagrante repreensão, acusação, castigo e proibições, cada vez mais rigorosas ....

Não nos iludamos, entre os educadores e pais, como em qualquer outra função ou atividade, encontramos os sádicos, os brutos, os irresponsáveis, os que fazem filantropia, os mal intencionados, os mal preparados, enfim, uma lista enorme de tipos, sendo que entre eles estão, felizmente, os capazes e os bons pais e bons profissionais.  Espero que você que me lê seja um deles, ou pelo menos tente sê-lo. Reflita sobre isso! Namastê!

PRECISARÍAMOS DE UMA ESCOLA PARA PAIS...