domingo, 30 de setembro de 2007

O papel dos pais no tratamento dado na sociedade ao seu filho deficiente

Gladis Maia

Bem-vindo ao mundo das deficiências onde os documentos reinam e o negativismo, o pessimismo e a resistência à mudança transpiram em cada página. (...) O negativismo é sintomático de uma sociedade competitiva que idolatra os vencedores e evita os perdedores. Este preconceito faz com que a sociedade e os próprios pais encarem a deficiência não como uma característica pessoal neutra, mas como uma qualidade negativa definidora que requer segredo, defensivas e vergonhas. Sommerstein & Wessels, in Inclusão, um guia para educadores.

Segundo os autores da epígrafe, os pais que lutam para proteger seus filhos dos outros, através do silêncio, precisam interromper o ciclo de ignorância da sociedade, assumindo um risco e compartilhando seus filhos com os demais. Devem permitir aos outros o acesso às informações a respeito deles, para que possam participar um pouco dos dons e das realizações de seus filhos. Ter um filho com deficiência não tem que necessariamente tornar-se uma tragédia. É claro que é um desafio - em muitas situações inclusive torna-se uma inconveniência e, é sempre uma preocupação - mas não é uma tragédia.
Agindo desta forma, coibiriam o comportamento de uma sociedade que em geral sente pena de uma pessoa com deficiência, que acha que seus pais são uns santos e não sabem como eles conseguem lidar com isso. Sommerstein e Wessels pensam que os pais têm a obrigação de compartilhar os dons e as carências de seu filhos com seus familiares, com os amigos, com os conhecidos, os membros da comunidade, os empregados, supervisores, funcionários - desde a mercearia aos médicos, enfermeiras, recepcionistas, caixas de banco, motoristas de ônibus e policiais, entre outros.
Como fazer isso? Através de conversas casuais, em debates e até com apresentações formais. “Não espere que as pessoas reconheçam as realizações de seus filhos – conte a eles! Não espere que as pessoas saibam do que seu filho precisa – conte a eles! Não espere que as pessoas saibam quem seu filho realmente é – conte a eles! Poucos guardam para si as homenagens e as realizações de seus filhos, e não é natural que o façam. Precisamos desenvolver nossa consciência de que as realizações das crianças com deficiências, não importa em que nível, devem ser valorizadas, celebradas e homenageadas”, explicam.
Com esse desabafo amoroso os autores pretendem convencer as famílias dos deficientes a mostrarem as suas potencialidades e os seus sucessos, para que as pessoas não precisem sentir pena deles. A informação a ser compartilhada é apenas informação, não são julgamentos, por isso os defensores da Inclusão sonham com o dia em que todas as crianças estudem juntas em salas de aulas de educação regular, o que oportunizará uma transformação na sociedade, que se processará com uma certa lentidão, mas no rumo certo. Quando todos tiverem informações sobre todas as deficiências - e a inclusão vai oportunizar isso – os normais serão, na melhor das hipóteses superficialmente amigáveis ou neutros, em relação a elas, e – na pior das hipóteses – insensíveis e cruéis.
Sommerstein e Wessels concordam com os críticos da ‘consciência da deficiência’, num aspecto: quanto ao conteúdo das informações e a maneira como são passadas, acabam muitas vezes reforçando os estereótipos negativos de pessoas com deficiências. Na tentativa de corrigir estas distorções, apresentam algumas diretrizes estratégicas para compartilhar as informações saudavelmente. Por exemplo: seria errado compartilhar informações sem o consentimento da pessoa e da família envolvidos. As informações devem ser específicas da pessoa que está em discussão, evitando-se generalizações e concepções equivocadas. O uso de uma linguagem respeitosa é essencial, evitando retratar a pessoa como uma vítima ou uma sofredora.Usar uma abordagem baseada nas suas potencialidades, mostrar que a deficiência é apenas uma pequena parte da pessoa. Falar de suas habilidades, interesses, ao invés de déficits. Reduzir os rótulos médicos e técnicos.
Prescrever em vez de descrever, ou seja, as informações devem concentrar-se naquilo que a pessoa precisa para ser bem sucedida. Uma pessoa verbal pode fazer a apresentação sozinha, outro indivíduo pode optar por folhetos, outro por cartas com ícones, se a pessoa optar por não estar presente o informante deve esclarecer e deixar claro que a pessoa endossa o que está sendo dito. O tom do compartilhamento das informações deve ser leve, o humor ajuda, as perguntas devem ser estimuladas e as fontes de apoio e informações devem ser identificadas.
Infelizmente, há alguns pais - ou as próprias pessoas com deficiências - que não podem ou não querem compartilhar informações por problemas de cultura, capacidade ou de oportunidade. Quanto mais invisível a deficiência, maior a relutância em compartilhá-la. Ao que os autores contrapõem: “os pais que podem, devem fazê-lo; os que não podem, devem apoiar os que pode . Toda essa consciência vai tornar-se necessária quando as pessoas com deficiência não forem mais estigmatizadas. A desestigmatização começa com as percepções que as famílias e as pessoas com deficiência têm de si mesmas”. Não tem de ser assim. A natureza estigmatizante desse negativismo tem evitado que as crianças com deficiência sejam bem-recebidas nas escolas do seu bairro, contribuindo assim para a negação de sua cidadania plena nas comunidades.

Eles são da geração pós-TV e aprendem diferente de nós

Gladis Maia

Quem ouve música sente a sua solidão imediatamente povoada.Robert Browning

Pierre Babin e Marie-France Kouloumdjian in ‘Os Novos Modos de Compreender’, levantam a hipótese de que uma nova cultura está nascendo, baseados numa pesquisa que realizaram, na década de 80, na América do Norte, África e Ásia, envolvendo jovens e educadores de horizontes e idades diferentes, professores do ensino superior e de 2º Grau e sociólogos. Ficaram visíveis as rupturas de valores e de comportamentos entre os jovens e os adultos, perceptíveis em canais como na linguagem e modos de expressão em geral, na relação com o mundo, nas suas percepções essencialmente diversas da geração anterior.
Os jovens não são mais contra estes ou aqueles valores em relação aos quais tentam definir sua identidade. Eles ‘estão em outra’, num sistema diferente, dentro do qual se inserem de modo original e que, pouco a pouco, constitui uma verdadeira e nova cultura. Os jovens da década de 80 ( e 90 e do início do século XXI) diferem bastante dos contestadores que os antecederam, não são contra, nem a favor.O discman no ouvido é uma imagem sugestiva, não da revolta entre gerações, mas da distância que as separa. A oposição - marca característica do choque de gerações - metamorfoseou-se em ‘desnorteio’; o combate sócio-político, transformou-se em salvaguarda da ecologia; a organização revolucionária deu lugar às ações pragmáticas; as ideologias foram trocadas pelos discos. Não há agressividade! há apenas distância e uma certa impotência para comunicarem-se! Não há rompimento com a família, ou pelo menos é bem mais leve do que antes. A própria incomunicabilidade não é tão radical assim. ‘Cada um na sua’, como eles mesmos dizem.
Muitos comentários desabonadores foram feitos pelos entrevistados professores e pais) a respeito dos jovens da década de 80. Os pais se queixam que os filhos estão sempre com ‘o som a mil’, que estudam em frente à TV ou ouvindo música, estão sempre com seus discos - hoje cds - TV ... ‘Na deles’, fugindo do diálogo! Os adultos se queixam de que os jovens tornaram-se incapazes de acompanhar por muito tempo uma explicação, um discurso qualquer de conteúdo intelectual. Após 15 minutos já estão em outra ...
As principais queixas da cultura tradicional à jovem geração são sobre: o nível de inteligência’ , que teria baixado. Dizem que eles ‘são incapazes de se concentrar’; ‘colocam tudo no mesmo pé’; ‘são passivos’, ‘há uma perda de raciocínio e do espírito crítico’, ‘falam sobre tudo, mas nada sabem’; “vivem em outra’. Para os pedagogos e psicólogos atribuem a queda da atenção entre os estudantes, ao fato de muitas crianças dormirem pouco, por ficarem vendo TV até tarde.Esta mudança de hábito gerada pela TV, com seu peculiar bombardeio de informações, submerge-os e impede-os de se concentrarem num ponto especial. A civilização eletrônica acelera os ritmos: a própria música é tocada com mais rapidez do que antes. Mas, em compensação, esses jovens têm um excelente grau de concentração quando se trata de algo do seu interesse genuíno. Concentram-se nas suas músicas, nas suas histórias em quadrinhos, nos seus filmes, nos seus vídeos.
Pierre e Marie-France relatam que numa das experiências da pesquisa assistiram o filme Woodstock com jovens alunos, que fascinados confessaram viver quatros horas de paraíso; e alguns acabaram vendo o filme cinco ou seis vezes. Já quando os autores assistiram o mesmo filme, com alguns educadores, muitos destes confessaram ter dormido durante a exibição. Tantos outros reclamaram por que levaram quatro horas para dizer o que poderia ter sido dito em 20 minutos, na sua concepção... Pergunta-se: quem foi passivo, quem foi mesmo que não se concentrou? Quem tem pressa?
Se é difícil para os jovens concentrarem-se em conceitos, discursos desprovidos de ritmos, imagens, sons, vibrações, não é o caso quando esses elementos estão presentes. E se o conhecimento pela TV fosse uma forma de entrar na vida divertindo-se, passeando como numa floresta? E se esse conhecimento pela televisão fosse uma familiarização, uma aquisição, caminho na verdade insuficiente, mas necessário para um conhecimento e uma enunciação mais profunda? Portanto: um outro modo de aprender!
Muitas queixas sobre a dificuldade de os alunos expressarem-se na sua língua nacional assemelham-se bastante às dos professores de português no Brasil onde a literatura inspiradora agora são as revistas, o rádio, a TV e o cinema. Escrevem como se estivessem falando. Apresentam dificuldade de compreensão de vocabulário. Usam linguagem oral nas redações. Fazem frases tipo slogan. A página escrita não tem consistência, nem permanência, é como se fosse um programa de TV. Não consideram mais a ortografia, escrevem as palavras como são pronunciada. Só conseguem guardar da dissertação uma palavra-chave, uma informação. Seus textos são cheios de abreviações estranhíssimas e repetições, que pontuam a frase, ou suprimem as palavras que faltam.
Os alunos americanos e os africanos, da pesquisa, em suas falas expressavam bem os prenúncios da incorporação da linguagem audiovisual, ou seja: falam com frases breves, expressões pesadas e sonoras,usam muitas onomatopéias. Usam acentuação vigorosa e ritmos irregulares; palavras e orações inacabadas – inter-cortadas ou completadas com gestos e caretas, supressões de verbos, de artigos e de pronomes. Mas não se enganem: esses jovens não apresentam falta de lógica, eles possuem outra lógica, diferente da linguagem padrão culto, mas ainda assim lógica.Voltaremos a esse assunto ainda nesta semana!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A nova linguagem nas falas e textos teria sido gerada pelo rádio e a TV?


Gladis Maia
Sabemos que de tanto trabalhar sempre o mesmo músculo, esse músculo se desenvolve. Assim também é com o comportamento intelectual. A ginástica interna, consciente ou não, que a prática da linguagem audiovisual desenvolve ao longo do tempo, determina uma maneira de compreender e de aprender, na qual a afetividade e a imaginação não poderiam, estar ausentes. Babin e Kouloumdjian (1989)

A maioria dos nossos alunos possui muita dificuldade para exprimirem idéias que não tenham raiz sensorial, ressonância emocional ou contorno visual. Nascidos e educados pela era audiovisual eles seguem as regras desta linguagem nos trabalhos da escola, onde suas produções costumam não ser bem-vindas. Isto é conseqüência do que eles sentem ao ver/ouvir a programação da telinha... É necessário que se compreenda que na escrita do audiovisual, nos seus roteiros e scripts, há a interpenetração íntima dos elementos cognitivos e afetivos. Mesmo que se trate de uma aula de economia pela televisão, por exemplo, essa aula reveste-se de profundo caráter afetivo, dependendo da personalidade do professor, do brilho dos atores, do som das vozes, da focalização dos rostos, do fundo musical, dos gestos e do conjunto do espetáculo. Exatamente como um bom professor na classe, talvez se dissesse ... Mas não é assim, é muito mais, pois é próprio do meio eletrônico ampliar a presença e a vibração sensorial. Pelo fato do visual e dos diálogos terem menos importância, num audiovisual, uma música atraente, alguns efeitos sonoros, os timbres e os efeitos de voz, as freqüentes mudanças de interlocutores são os elementos que primeiramente captam sua atenção. Sem contar o alto nível de atividade física ou de ação. A própria imagem e a experiência das relações é mais importante do que o discurso. Se observarem, é essa a ordem que preside as seqüências dos telejornais! Se vai de notícia a notícia, sem lógica aparente, e é o telespectador que liga os pedaços, se pelo menos o conjunto lhe deu alguma experiência unificada, é claro! Enquanto no discurso habitual de um livro ou de uma conferência, a lógica é inscrita objetivamente na pontuação e nas conjunções coordenadas, nos audiovisuais as seqüências não têm lógica dedutiva. A tonalidade afetiva do começo, é que vai determinar a compreensão do telespectador. Na etapa de compreensão ou elaboração do sentido, aquele que recebeu a mensagem da confusão inicial, passa a elaborar o que viu e ouviu. Quando acontece a reflexão diante e sobre o que se viveu e sentiu, se está diante do tempo do distanciamento. Tempo da conceitualização, da passagem às idéias gerais, da apropriação ou reconstrução na linguagem do espectador. E, enfim, surge o julgamento crítico sobre o conteúdo, a forma, a linguagem, a técnica, os processos utilizados, os fundamentos comerciais, políticos, culturais, econômicos,etc., postos em jogo. Esse é um momento importantíssimo! Se o audiovisual constitui uma ameaça, é porque muitos espectadores nunca chegam a essa etapa. Assim, muitos deles só retém o que convém à sua personalidade e ao seu papel. Num filme sobre técnicas de venda, por exemplo, um vendedor vê alguns de seus defeitos e confirma algumas de suas qualidades. Ele esquece pelo menos 60% das outras informações. E assim cada um em sua área de interesse fará a seleção.... Todas essas influências fazem com que os jovens sintam a necessidade de uma outra linguagem, mais livre, mais imaginativa, mais rápida. Treinados para a distância afetiva e para desconfiança da imaginação, nós, os homens da Era Gutemberg vimos com maus olhos a Civilização Audiovisual Eletrônica, que liga intimamente a sensação à compreensão, a coloração imaginária ao conceito. Mas as coisas mudaram e é preciso cuidado e disponibilidade para aceitar essa nova forma de ver e entender o mundo. O espírito analítico, rigoroso e lógico do professor ocidental é que dificulta a aceitação do meio audiovisual como promotor de conhecimento no seio da escola. A maioria dos educadores até rechaça a TV, vendo-a apenas como sinônimo de lazer, de diversão e de brincadeira. O fato deste meio trabalhar o conhecimento e a informação de uma forma quase física, esculpida na realidade, incomoda aos intelectuais, que acabam não levando em consideração nem mesmo a adoração das crianças e dos adolescentes pela telinha mágica. A questão básica é como guardar o essencial da aquisição de Gutemberg e, ao mesmo tempo, assumir os novos modos e valores da linguagem audiovisual? É este o desafio que a sociedade atual, e, em particular a Educação, precisa aceitar! Se os jovens forem abandonados à sua linguagem, com a força interna de desordem e de desagregação que carrega consigo, o resultado será o assassinato das línguas nacionais cultas. Porém, recolocá-los dentro do discurso literário tradicional, em raríssimas exceções, será impossível. Se é necessário a imersão total do telespectador para a compreensão de uma mensagem audiovisual – corpo/alma/telinha - faz-se mister a estada num segundo tempo, o tempo de distanciamento, para que ele chegue a uma certa verdade do conhecimento. Como referem os pesquisadores da epígrafe, in ‘OS NOVOS MODOS DE COMPREENDER’, que alertam que um grave perigo espreita as novas gerações: ficar na sensação, que é a primeira etapa pela qual passa o telespectador. O papel da Escola é educar para o audiovisual, para a apreensão do segundo tempo, porque uma escola que se propusesse somente a trabalhar com o audiovisual e continuasse o sistema de imersão além de 30% faria apenas demagogia e passaria à margem da sua função. Que a escola, que, ao longo de sua história, já foi forte em ensinar os mecanismos de distância reflexiva, crítica e científica, com os instrumentos de ontem – especialmente a escola particular – e com seus métodos tradicionais se especialize para estar apta a resolver os problemas que nos afligem hoje, no tangente a essa transição na área da linguagem.

O globo eletronicamente interligado precisa comprometer-se com todos

Gladis Maia

Para os homens da tribo, as palavras são como a água que deve passar de mão em mão, com o maior cuidado, para que nem uma gota se perca. David Riesman

Cada nova tecnologia é uma nova extensão do homem. Cada meio que surge é uma nova possibilidade de expressão para os seres humanos. A palavra - fonética e escrita - sacrificou o mundo de significados e a percepção. As culturas letradas somente dominaram as seqüências
lineares. O segredo da imprensa é a fragmentação da experiência em unidades uniformes. As diferenças entre a comunicação oral e a escrita são de ordem semântica, psicológica e sociológica.
Estas diferenças geram diferentes comportamentos e percepções. O olho do leitor, na busca de um significado após o outro, faz uma codificação linear do real. Já as novas linguagens eletrônicas exigem uma outra codificação, simultânea, que recupera - de uma certa forma - a percepção do homem pré-letrado. O livro isola, a palavra falada agrupa. O livro leva ao ponto de vista e a uma atitude crítica; e a palavra falada implica em uma participação emotiva. Como há uma tendência do ser humano a recordar melhor as coisas mais profundamente sentidas, as palavras recordadas na tradição oral são freqüentemente as mais carregadas de sensibilidade coletiva.
A transmissão oral de contos e lendas, anterior à Renascença, aplica-se ao ouvido. Foi a partir da invenção da Imprensa por Gutemberg que a matéria do conhecimento passa a ser aplicada à visão, num exercício linear. Nos dias de hoje, em plena era eletrônica, não só um ou outro
sentido – audição e visão - mas um processo de envolvimento múltiplo audiovisual definiria o relacionamento entre emissor e receptor, na apreensão das mensagens.
Segundo os estudiosos da Comunicação, o ouvido - órgão receptor por excelência na sociedades arcaicas e primitivas - ter-se-ia embotado pela mecânica tipográfica dos últimos 500 anos de história ocidental. Só muito recentemente, graças a presença do rádio e da TV, volta-se a estimular aquele sentido.
Depois de séculos de saturação de uma tecnologia ótico-linear, chega-se a um espaço cultural novo, ou novamente auditivo, criado pelos canais eletrônicos de comunicação – rádio, telefone, TV. Meios que envolvem o sujeito, integram-no em um campo de vivências e, por paradoxal que possa parecer, lhe conferem uma percepção tão rica quanto a do homem analfabeto ou primitivo.
Por meio das técnicas em mosaico - assim chama McLhuan aos processos de montagem simultânea de TV e dos meios que a imitam - unifica-se a linguagem do homem contemporâneo que, apesar das distâncias, está vivendo numa só aldeia global. A era eletrônica não seria, portanto, uma etapa na história da mecanização e da atomização, peculiares ao Homo Typographicus. Ao contrário, ela significa uma ruptura com ambas e a retomada de uma convivência orgânica, tribal.
McLuhan refere-se a era tribal, de tradição oral, como um período mais íntegro, menos fragmentado; era que as técnicas eletrônicas estariam começando a restaurar. Toda tecnologia obriga aos que contatam com ela a novos equilíbrios. A eletricidade envolve o indivíduo com toda a humanidade. O computador que traduz outras línguas anuncia o advento de uma condição pentecostal de compreensão e unidades universais. As línguas foram superadas por uma consciência cósmica geral.
O globo foi eletronicamente contraído e a consciência humana terá, para McLuhan aumentando a sua responsabilidade, seu compromisso com os outros. Aprecem, pois, como corolários de tecnologia, uma empatia entre os homens e uma aspiração pela totalidade. Este otimismo se patenteia em ‘Mutações em Educação’, livro que aborda o problema do estudante numa escola-planeta. O aprendizado seria uma exploração lúdica da realidade, semelhante à da criança, a do artista. A aula sem paredes seria ministrada pelos Meios de Comunicação de Massa.
Atentos pois professores: é hora, mais do que nunca, de encantar a garotada cujos ouvidos voltaram a funcionar em pleno vapor, com aulas alegres e muito sedutoras!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Respeito à autonomia e à dignidade faz muito bem e é sinônimo de ética

Gladis Maia

O sentido da Educação é a humanização, possibilitando que todos os seres humanos tenham condições de serem partícipes e, ao mesmo tempo, possam desfrutar dos avanços e progressos da civilização, construída historicamente, compromissada com a solução de seus problemas. (Jane Barbosa, in Didática do Ensino Superior, 2003).

Ensinar exige, além de segurança, competência profissional e generosidade, comprometimento, liberdade e autoridade, a arte da escuta, o reconhecimento que a Educação é ideológica e a disponibilidade para o diálogo. Além disso, nas idéias de Paulo Freire - às quais sempre assinarei embaixo – é necessário também o querer bem aos educandos e a compreensão de que a Educação é uma forma de intervenção no mundo.
Quanto mais liberdade e solidariedade, entre professor e aluno na Escola, mais possibilidades há de viver-se na, e: para a cidadania. O professor precisa abandonar a postura de portador da verdade que tem de ser transmitida aos discípulos. Quem não consegue escutar seus alunos, não aprende a falar com eles, pensa Freire, que afirma que: fala para eles, fala deles, mas não com eles. Não constrói, vomita conhecimento...
É papel do professor escutar os alunos, nas suas dúvidas, nos seus receios, na sua incompetência provisória, nas palavras do mestre. Freire, sempre que a oportunidade se apresentava, dizia que: em geral, o professor cria com o aluno uma relação prepotente, na qual ele não contribui para o processo educativo. Contribuindo sim, para reforçar a sua dominação como professor.
Quantas vezes ao colocar-se frente à classe e emitir conceitos que os alunos não conseguem decifrar, o professora não está apenas reforçando a idéia de que ele é aquele que sabe, mas também a idéia de que o aluno é aquele que não sabe e que, para saber, depende do professor. E, se ele, na sua enorme benevolência, se dispuser a dar uma migalha de seu saber aos alunos, apresentará a postura costumeira daquele que está convencido de que os alunos jamais vão saber como ele sabe, e, por isso, precisarão sempre das luzes daquela inteligência suprema...
O pequeno grande educador sempre acreditou que nenhuma formação docente pode fazer-se alheada do reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição e do exercício da criticidade. Criticidade que implica da passagem da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, do conhecimento bancário para o conhecimento crítico.
Constituir-se num professor crítico é tornar-se um aventureiro responsável, argumenta ele, que acrescenta que as coisas até podem piorar quando se está predisposto à aceitação do diferente, do novo, mas diz também que sempre é possível intervir para melhorá-las. A passagem do homem pelo mundo não é pré-determinada. A vida é feita de possibilidades, e não de determinismos! Quando a presença humana no mundo não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, culturais e históricas há sempre e, graças a Deus, Esperança! Esperança para lutarmos e vermos nossos sonhos virarem realidade!
Devemos ser esperançosos não só por teimosia, mas por exigência da práxis educativa. O que poderá ensinar aquele que não crê que as coisas possam ser diferentes? Freire diz não entender que a Educação, como prática estritamente humana, possa constituir-se numa experiência fria, sem alma, numa experiência em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos sejam reprimidos.
Freire também alerta que o professor que costuma desrespeitar a curiosidade dos seus alunos, ou seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem... O professor que ironiza o aluno devido aos seus traços culturais, transgride os princípios éticos da existência humana, da mesma forma que aquele que foge do cumprimento do seu dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência educativa. A tempo e a hora...
Qualquer discriminação é imoral! Quanto mais rigoroso o professor se tornar na sua busca do exercício profissional, tanto mais alegre e esperançoso se sentirá. Por isso é falso pressupor que alegria e docência sejam incompatíveis. A alegria não é inimiga da rigorosidade, proclama Freire, que acredita que há algo como o que costumam chamar de vocação, que deve enlaçar tantos professores de bem na sua profissão tão mal vista e paga pelos governos deste país. Mesmo numa situação tão desestimulante, muitos continuam a suar a camiseta, felizmente, honrando a categoria.
E, ao final deste artigo, fiquem com as palavras do grande mestre, singelas e humildes, e que são sempre bálsamo para a alma daqueles que acreditam num mundo melhor, sem preconceitos, num mundo repleto de muito amor e de muita beleza. Daqueles que não tem vergonha de serem eternos aprendizes:
O melhor caminho para guardar viva e desperta a minha capacidade de pensar certo, de ver com acuidade, de ouvir com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar exposto às diferenças, é recusar posições dogmáticas, em que me admita como proprietário da verdade. [...] disponibilidade à vida e aos seus contratempos.[...] ao riso manso da inocência, à cara carrancuda da desaprovação, aos braços que se abrem para acolher ou ao corpo que se fecha na recusa.[...] E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil. (Paulo Freire in Pedagogia da Autonomia, 2003).

A infância efêmera dos dias atuais necessita das festas das crianças

Gladis Maia

Os presentes que a crianças recebem no Natal e no seu aniversário são símbolos dos presentes dados pelos três reis magos; e os fogos de artifício são símbolos de um novo sol que trará a luz e a alegria da liberdade e uma nova vida, uma esperança que as luzes da árvore de Natal também refletem. Bruno Bettelheim

É muito estimulante perceber que somos o motivo especial de uma comemoração como sentem as crianças no dia de seu aniversário. Faz bem para a alma, marca o presente e prepara-lhe a probabilidade de um futuro mais feliz. Nós humanos, e muitos animaizinhos também, temos necessidade de confirmar a nossa importância, se possível por parte de todo o universo ou, pelo menos, daquelas pessoas que mais significam para nós. As crianças, mais do que ninguém, precisam dessa experiência de aprovação, que é comprovada quando as reconhecemos ao celebrar suas festas infantis, em casa ou na Escola.
Bettelheim, que se dedicou ao estudo e ao tratamento da psique infantil, por mais de meio século, garante que se essas ocasiões são comemoradas com verdadeiro entusiasmo, o brilho desses dias pode espalhar-se por toda a vida do sujeito. A repetição regular dessas festas é a garantia que a criança tem de que continua sendo importante para os pais e professores. As datas festivas pontuam o ano da criança - e assim sua vida - constituindo os pontos altos que devem servir de referência para que organizemos nossa vida e a delas promovendo eventos felizes.
O psicanalista explica que as festas infantis, contém uma característica singular, que as distingue dos outros dias, pois neles a criança é a rainha,ela pode exigir coisas dos adultos, que não lhes são facultadas no dia a dia, pode fazê-los sentir medo delas, como no dia das bruxas, pode fazê-los de bobos, como no dia 1º de abril. Essa inversão de status, somada à conotação mágica desses dias, são razões muito importantes para que sejam datas especialmente significativas para elas. Os professores e pais podem explicar o significado dos feriados, mas o que fica gravado na cabeça da criança é a refeição generosa e o espírito das boas amizades. Ao nível consciente, essas datas são importantes para a criança, principalmente pelos sentimentos ternos despertados nela por toda a festividade, e essa sensação pode revestir de um brilho prazeroso as idéias abstratas relacionadas a essa celebração.Já em nível subconsciente, alguma coisa do que o dia simboliza continuará a exercer sua influência para sempre.
As festas familiares celebradas em torno de um mesa arrumada com uma refeição bem caprichada combatem as maiores ansiedades das crianças, tanto em termos de experiência real, quanto em nível simbólico, A reunião do clã renova a confiança da criança, mostrando-lhe que ela não precisa apoiar-se exclusivamente nos pais. Sua segurança contra o abandono – o medo da privação física e emocional, que habita todos nós quando crianças e, às vezes, pela vida à fora – pode ser ancorada ao perceber que ela não precisa apoiar-se exclusivamente nos pais, pois muitos outros parentes estariam disponíveis em um momento de crise e a protegeriam do abandono. Do mesmo modo a refeição farta oferece segurança contra a ansiedade da fome. Especialmente as datas em que se comemoram nascimentos e renascimentos trazem consigo a esperança inerente desse significado simbólico que continua a repercutir em nós, quer tenhamos consciência disso ou não.
O que é esplêndido em relação à mágica positiva da alegria dos feriados, relata o psicanalista, é que ela pode proporcionar segurança durante todo o ano, quando mais se necessita dela, mesmo sob as piores circunstâncias da vida. As crianças têm conhecimento disto e, sempre que precisam, usam a segurança simbólica que o espírito festivo oferece para proporcionar a si mesmas apoio moral, quando mais desesperadamente necessitam dele.
Uma história de Natal verdadeira contada pela psicanalista sueca Stefi Pedersen, analista de crianças, exemplifica bem o que dissemos. A analista nos conta que quando os nazistas ocuparam a Noruega ela serviu de guia a um grupo de refugiados que atravessou, em pleno inverso, as montanhas da Suécia. Eles tinham que abandonar tudo o que tinham e levar só o imprescindível, porque a subida era muito difícil. Num intervalo para a comida, a psicanalista olhou por acaso dentro da sacola de uma das crianças e entre os poucos objetos encontrou uma pequena estrela prateada, do tipo das que se penduram nas árvores de Natal. Examinou outras sacolas para ver que bens mais preciosos essas crianças tinham levando consigo e, mais uma vez, encontrou sinos feitos de papelão cobertos com brilho prateado. Pedersen concluiu que elas tinham trazido esses símbolos de um passado feliz, porque só eles poderiam lançar uma aura de segurança sobre a angústia que sentiam ao embarcar em uma viagem para o terrível desconhecido. Esses enfeites baratos (pois a maioria das crianças eram de origem judaica, mas criadas em famílias assimiladas que celebravam o Natal como uma festa familiar e, principalmente, infantil, embora não como um evento religioso) atenuavam seus sentimentos de solidão e impotência e ofereciam uma promessa de esperança.
Como podemos ver, provavelmente o significado mais profundo e tranqüilizador do Natal para uma criança constitui-se na lembrança que ficará e poderá sustentar as situações de adversidade. E, porque elas tem consciência disso, no mais profundo do seu ser, é que se agarram à ficção do Papai Noel, que carrega um significado muito especial. Cuidemos então com carinho e magia das nossas crianças, por ocasião da Páscoa, do Natal, do dia da Criança, do seu aniversário e outras datas importantes que vão calar fundo na sua formação e constituição.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Como trabalhar com a agressividade tão comum em nossas salas de aula?

Gladis Maia
Em muitos casos [...] o âmbito educativo é considerado como uma extensão do doméstico. E, assim, transforma-se no âmbito público, onde a imagem da feminilidade identifica o ser mulher com o ser mãe. Muitas vezes a figura da ‘professora gritona’, tão freqüentemente ridicularizada, pode corresponder à da ‘dona-de-casa mandona’. Cabe a nós, profissionais da Educação, outorgar à nossa tarefa o caráter de profissão prestigiada por si mesma, e não como extensão da tarefa materna, já que, deste modo, perverte-se tanto o papel materno como o docente .[...] Ensinar tem a mais a ver com uma obra de escultura grupal. Quanto mais difícil e duro é o material, maior pode ser o prazer do artista que trabalha com ele. Alicia Fernandez in A Mulher escondida na Professora.
Fernandez – na obra citada - ao falar da agressividade no contexto da aprendizagem explica que somos nós mesmos quem podemos causar-nos a maior agressão, quando anulamos a nossa capacidade criativa, não usando o juízo crítico. Se, como professores, não conseguimos usar nossa criatividade frente à agressão de um aluno, para pensar sobre a situação que deu origem a esse ato, somos nós quem estaremos nos auto-agredindo, partindo do fato de situarmo-nos em um nível imaginário como se o aluno e nós fôssemos os únicos seres no mundo e sempre houvéssemos vivido isolados. A quem agride essa criança quando nos agride? Se imaginarmos que é a nós, particularmente, só conseguiremos aumentar a atuação agressiva, se não houver um distanciamento “impedindo a gestação de um espaço de pensamento”, diz a autora. Na agressão do aluno estão implícitas outras situações presentes e passadas de sua história e é necessário que assim o faça, para a saúde da sua aprendizagem, assim como é necessário para a saúde do ensinante, que este possa descobrir a que ações, a que atitudes de seu ensinar – já que não é a toda pessoa do professor - dirige-se essa agressão.
Fernandez refere também que na sua experiência como professora pôde perceber que quando a agressão de um aluno se dirigia a um colega, a maioria das vezes ela se identificava com o agredido: “ali voltava a ‘raiva’ que havia tido que engolir quando me agrediam, em minha infância, porque o mandato de ser uma boa aluna, submissa e dócil, havia-me impedido de reagir frente à agressão, e muitas vezes sequer registrá-la”. Na tentativa de reparar o dano imposto àquela menina que fora se identificava com o agredido, porque mesmo sendo adultos, a criança que fomos permanece dentre de nós e ao lidarmos com tantas outras crianças precisamos elaborar, analisar, redescobrir os nossas fantasmas. Quem de nós não foi agredido quando criança? E como professores somos permanentemente vítimas, especialmente se nos identificarmos com as agressões, mecanismo este que nos desvaloriza e desautoriza frente às crianças, enquanto adultos e enquanto professores.
Em suas andanças pelos seminários, oficinas e cursos que professa, Fernandez diz que é comum acontecer da maioria dos professores presentes a esses encontros responderem a questão formulada, “O que é um bom aluno?” , com algo semelhante a: “ é o que aprende, investiga e resolve problemas.” Da mesma forma é comum que, durante o desenrolar do trabalho, por ocasião dos debates e das encenações que ocorrem, estes mesmos professores acabem fazendo referência aos maus alunos como “aqueles que questionam, aqueles que se opõem ao professores ou os que o criticam.” Então o que seria ser um bom aluno?
A agressividade em si não é algo que deva ser evitado, nem uma doença que deva ser curada. Ao contrário, pode ser considerada, muitas vezes, como um possibilitador ou indicador de saúde.Porém, quando ela não encontra terreno para desenvolver-se, pode transformar-se em agressão ou em hostilidade, ambos indicadores de risco na aprendizagem e, às vezes, sinais de patologia, esclarece Ferreiro, que indica aos professores uma série de contra-receitas para evitar as situações geradoras de agressão em aula. São elas: 1ª) possibilitar um espaço de aprendizagem no qual os atos agressivos não sejam necessários, pois tais atos tem a ver com o espaço onde se geram; 2ª)dirigir a agressividade para o desafio de conhecer, ao aluno e a si mesmo; 3ª) lembrar que não existem crianças agressivas, assim como não existem crianças hiper-cinéticas, disléxicas, etc. Quando dizemos que um aluno é agressivo, não estamos dizendo que às vezes ou em algumas circunstâncias comete atos agressivos. Há sempre aspectos saudáveis neste ou em qualquer outro aluno, de onde poderá obter energia para sanar seu problema. 4ª) a agressão do aluno é um sintoma que pede ao professor um trabalho interpretativo. É um grito desesperado, um pedido de ajuda, uma mensagem que precisa ser decodificada para que o circuito interminável da culpa - atuação - castigo - mais culpa - mais atuação, cesse; 5ª)frente a um ato agressivo de um aluno, pergunte-se o que o incomoda naquela agressão. Interrompe o processo de aprendizagem da criança?Quem ou o que esta criança agride? Por que agride seu companheiro? Seu companheiro sente-se agredido? A autora alerta-nos que poderemos ter muitas surpresas ao escutar a resposta a esta última pergunta, que é mais importante do que a agressão em si; 6ª)primeiro, falar a sós com o agredido, sem identificar-se com ele. Depois, falar com o agressor, e logo com todo o grupo, procurando, neste, o continente do sentimento de frustração da criança ou do adolescente agressor que deu lugar à agressão. Nunca buscar no grupo um cúmplice para acusar o agressor ; 7ª) falar não é repreender. Falar não é dar conselhos, nem indicações. Falar não é julgar, pré-julgar ou sancionar. Cuide também seu tom de voz e a ênfase que der, pois mesmo que o enunciado não o diga, sua expressão facial, por exemplo, pode denunciar seu julgamento. Temos que nos abrir para o diálogo. A criança é que tem que explicar-se; 8ª) aceitar que cada sujeito que comete atos agressivos é diferente dos outros. Nunca há dois alunos iguais, ainda que seus atos agressivos sejam similares; 9ª) quando uma atuação agressiva já está em ação, é necessário conter ativamente o ato, para depois haver um espaço de elaboração sem culpar o agressor, nem culpabilizar-se; 10ª) o ato agressivo cruel, a atuação agressiva(ferir fisicamente, verbalmente ou por omissão) é um problema que não se resolve com medidas disciplinares proibitivas. Pelo contrário. O reforço negativo ajuda a potencializar o ato agressivo, que pode transladar-se num componente de maior crueldade, no futuro, dirigido aos companheiros, ao meio ou à Escola; para a os conhecimentos ( “alguns tipos de problemas de aprendizagem reativos” têm essa explicação; para dentro, atuando como inibidor do pensamento e da capacidade de aprender (inibição cognitiva);11ª) a criança que comete atos agressivos de forma constante está mostrando um déficit na experiência lúdica, um déficit em suas possibilidades de prover sua “pulsão de domínio”, de forma regressiva, se não estiver mais na fase anal, onde seu “treino” é característico..
Pensemos nisso tudo e também no que disse uma adolescente de uma Escola Municipal de Porto Alegre, transcrito por Fernandez: “Os professores devem saber suportar a agressão de seus alunos e ensinar-lhes outra forma de atuar, porque se eles são injustos, nós, os alunos, nos sentimos agredidos. Têm que pensar que logo esses alunos serão pais e mães e se em casa foram agredidos e na Escola também, eles então seguirão agredindo seus filhos.”

Para as crianças, Papai Noel representa a boa-vontade dos pais e a do mundo inteiro.

Gladis Maia
A verdadeira maravilha do Natal, além de seu significado religioso, é o milagre que acontece na mente da criança, que lhe permite transformar o tênue disfarce que esconde seu pai atrás da imagem de Papai Noel em uma promessa de um mundo bom e agradável. Bruno Bettelheim.

Qualquer que tenha sido no passado o significado dos rituais que vieram a compor nossa celebração do Natal, eles simbolizam nos dias de hoje, o maravilhoso nascimento de uma criança - de uma importância inominável - que trouxe consigo o nascimento de uma nova era, a nossa própria, dando um novo significado à vida de todos os homens de boa vontade. Os presentes que as crianças recebem no Natal são símbolos dos presentes dados pelos três reis magos; os fogos de artifício são símbolo de um novo sol que trará a luz, a alegria da liberdade e uma nova vida, uma esperança que as luzes da árvore de Natal também refletem.
O psicanalista Bruno Bettelheim, autor de Uma Vida para seu Filho,entre outras obras que tratam da psique, nos diz que pessoas que, quando crianças tiveram experiências infelizes no Natal tendem a sofrer por causa disso de graves depressões de aniversário - como ele denomina. Durante toda sua vida na época do Natal, mesmo que não queiram, elas sofrem muito, enquanto que aquelas que, em criança tiveram Natais felizes não ficam deprimidas mais tarde nessa época, mesmo que sua vida tenha se tornado solitária ou cheia de privações. As lembranças de datas festivas felizes continuam a ajudá-las a suportar as dificuldades posteriores.
Segundo Bettelheim, as crianças sofrem muito se são privadas dos poucos dias especiais que lhes são dedicados e perdem muito da sua alegria de viver se esses dias têm sua importância diminuída. Para a maioria delas, em nossa cultura, além das cerimônias de formatura e religiosas - tais como a 1ª comunhão – o dia das crianças, a Páscoa, os aniversários e o Natal continuam sendo os dias do ano genuinamente dedicados a elas. A troca de presentes como um símbolo ou prova de amor pode ocorrer em qualquer tempo e lugar e é, com toda a certeza, parte integrante do Natal.
O Natal como o dia em que o Salvador do mundo nasceu é um dia de abstinência a ser celebrado por todos, mas o gordo e alegre Papai Noel que coloca presentes sob a árvore de Natal é somente para as crianças. Eis a razão porque aqueles que podem acreditar em Papai Noel e desfrutar dessa crença à vontade, sentem o Natal, ao longo de toda a sua vida, como um momento de grande alegria pessoal, muito mais do que aqueles para quem se tratava principalmente de uma prática religiosa. E também são capazes mais tarde, enquanto pais, de fazer um Natal feliz para seus filhos, pelo fato de que o calor de sentimentos antigos ainda estar presente em seus corações.
Muitos pais desavisados querem, tão logo que a criança começa a crescer, desmascarar a existência do Papai Noel. Todas as festas adquirem seu significado mais profundo por meio de conotações mágicas! Se tirarmos da festa a magia que tem para a criança, ela perde muito de seu significado simbólico e inconsciente. E, com essa perda, a festa também se esvazia dos seus efeitos tranqüilizadores e benéficos que poderia ter pelo resto da vida de uma criança. A racionalidade prematura, como todas as outras experiências do gênero, deixa-nos pouco preparados para lidar com as excentricidades e vicissitudes da vida posterior.
As crianças pequenas só conseguem compreender conceitos abstratos sob formas concretas. Para elas, Papai Noel é o espírito de doação. Piaget deu um exemplo revelador de como se forma o conceito de realidade da criança e de quanto ele é diferente do dos adultos. Ele conta, em A Formação do Símbolo na Criança, que caminhando com seu filho pequeno no jardim atrás da casa perguntou-lhe onde estava o papai e que o menino apontando para a janela do seu gabinete,disse: “Lá em cima!” O garoto estava numa idade em que sua segurança dependia de saber que seu pai estava sempre ali, ao seu dispor, no gabinete. Se Piaget tivesse tentado convencer o filho, nesse estágio de desenvolvimento mental, de que seu pai não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo, ele não teria aumentado o entendimento da criança sobre a realidade, mas o teria levado a ficar confuso e inseguro a respeito dela e sobre tudo o que sabia.
Para as crianças pequenas, os pais fisicamente e o espírito dos pais podem ter existência independente e - longe de perturbar uma à outra - essas duas possibilidades são mutuamente enriquecedoras. Para a criança nessa idade as figuras importantes existem em muitos lugares ao mesmo tempo, não só sob a forma física como espiritual. Essa é a razão pela qual os pais acham difícil entender por que uma criança não é perturbada pelas muitas figuras de Papai Noel que aparecem em todos os lugares na época do Natal e que ela as adora, não importa quão vulgares possam nos parecer.
Para os adultos, os Papais Noéis de rua podem destruir toda a beleza e o mistério do Natal, mas para as crianças, são uma afirmação da realidade e da onipresença do mistério. A observação de Piaget sobre o filho, que começou – embora ainda não tenha completado esse desenvolvimento - a separar as idéias abstratas de seu invólucro físico, como separou a idéia do pai que estava trabalhando no gabinete daquele que está brincando com ele no jardim – prova que a criança pequena consegue acreditar que um único papai Noel é capaz de trazer presentes para todas as crianças em todo o mundo, na mesma hora.
É claro que todas as crianças sabem que os pais têm uma participação importante nos preparativos do Natal, já que vêem toda a comida sendo preparada e outros preparativos para a festa acontecendo em sua casa. O que pode transformar o Natal, em uma festa encantadora é exatamente, essa mistura de ficção e realidade que realça ambas. Se a criança vai ou não viver isso, dessa maneira, depende interiormente do espírito com que os pais se preparam para a realidade do evento e seu significado mágico. Para que a festa seja totalmente significativa para a criança, tanto a fantasia quanto a realidade devem estar presentes, por isso, deixe as crianças serem crianças.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Ministério da Saúde incentiva os postos de saúde de todo país a oferecerem a técnica de meditação para pacientes

Gladis Maia

Apesar de serem evidentes os benefícios, a Ciência ainda não consegue entender completamente como a meditação age no sistema nervoso. Uma das dificuldades é o fato de não serem possíveis testes com modelos animais. Dra.Elisa Kozasa, da Unifesp.

No ano passado a NHI, agência responsável pelas pesquisas médicas note-amercanas, reconheceu a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional e o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva sua prática, nos postos e hospitais públicos. Essas ações governamentais dão sinal da tendência de encarar a meditação não só como prática de bem-estar, que faz bem apenas à mente e ao espírito. Parar diariamente alguns minutos para se concentrar e se desligar do turbilhão de pensamentos também ajuda a manter a saúde física. Em São Paulo, 70% dos postos de saúde oferecem além das atividades da chamada medicina tradicional, acupuntura, tai chi chuan e meditação. Os artigos científicos sobre o tema relatam, entre outros benefícios, que meditar previne e combate à depressão, à hipertensão arterial, à dor crônica, à insônia, à ansiedade e aos sintomas da síndrome pré-menstrual, além de ajudar a reduzir a dependência de drogas. Esses estudos mostram que a meditação reduz o metabolismo - os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e o consumo de oxigênio pelas células cai. É isso que dá a sensação de relaxamento e tranqüilidade. As pesquisas sugerem que a prática também interfere no funcionamento do SNA, que é responsável pela liberação dos hormônios como a noradrenalina e o cortisol, durante os momentos de stress.A duração dessas "reações de alarme" são mais curtas, nas pessoas que meditam; a pressão do sangue e a força de contração do coração ficam alteradas por pouco tempo, comprometendo menos a saúde. O obstetra Roberto Cardoso, autor de 'Medicina e Meditação - Um Médico Ensina a Meditar' diz que muitos profissionais de saúde ainda têm preconceitos, mas que isso deve mudar, brevemente. A meditação começa a trilhar os passos da acupuntura, que já é um recurso reconhecido pela classe. No Brasil, a instituição que mais estuda o tema é a escola médica da Unifesp, que vem ajudando a apagar a imagem religiosa e mística que normalmente se tem das pessoas que medirtam. A meditação não precisa ser, necessariamente, ligada a uma crença oriental, para que ela cumpra seu papel de medicina complementar e preventiva. O psicólogo José Roberto Leite, da Unifesp, explica que ela deve ser diária e constante. Segundo especialistas, as mudanças podem ser sentidas logo nas primeiras semanas de prática.
Estudos americanos recentes têm comprovado que o Tai Chi Chuan também é um ótimo coadjuvante nos tratamentos médicos: regula a pressão sangüínea, fortalece as articulações e tendões, estimula a circulação, constrói os músculos e mobiliza o sistema imunológico. Não é à toa que na China milhares de pessoas nos parques das cidades todas as manhãs bem cedo praticam esta arte, com o objetivo de melhorar sua forma física e mental. Estudos publicados no ocidente e no oriente mostram que mesmo sendo um tipo de exercício de baixa velocidade, o Tai Chi ainda melhora a saúde cardiovascular e a forma das pessoas, além de aliviar os estados depressivos.Aqueles que praticam esta arte marcial, consistentemente, têm uma vida diferente, especialmente quando chegam aos 80 e 90 anos de idade. Seus ossos são fortes, as articulações flexíveis, suas mentes não divagam; eles permanecem alertas, conscientes, com grande capacidade de concentração. O coração é forte e bate calmamente e seus corpos têm uma grande força interior que previne todas as enfermidades. O Tai Chi é freqüentemente prescrito como um tratamento à um sem número de doenças e condições dolorosas. É excelente como exercício de alongamento. Através de gestos suaves, que lembram uma dança, combinados com uma respiração correta e fácil de fazer, o Tai Chi mexe com o corpo, acalma a mente, alivia a tensão, promove bem estar geral físico e, principalmente, emocional. Temperamentos explosivos podem ser suavizados, inseguranças diluídas: um novo jeito de viver a vida...

A honradez deve ser ensinada pelos pais e professores da Educação Infantil: ‘é de pequenino que se torce o pepino’.

Gladis Maia

Sonho que se sonha só/ Pode ser pura ilusão./Sonho que se sonha juntos/ É sinal de solução /Então vamos sonhar, companheiros/Sonhar em mutirão ... Zé Vicente.

É comum, em nossos dias, ouvirmos reclamações por parte de pessoas que se sentEm desrespeitadas em seus direitos. É o médico que marca uma hora com o paciente e o deixa esperando por longo tempo, sem dar satisfação; o advogado que assume uma causa e depois não lhe dá o encaminhamento necessário, deixando o cliente em situação difícil; o contador que se compromete perante a empresa em providenciar todos os documentos exigidos por lei e, passados alguns meses, a empresa é autuada por irregularidades que este diz desconhecer; o engenheiro que toma a responsabilidade de uma obra, que mais tarde começa a ruir, sem que este assuma a parte que lhe diz respeito; é o político que promete mundos e fundos e, depois de eleito, ignora a palavra empenhada juntos aos seus eleitores... Quem não conhece a temática? Esses e outros tantos casos acontecem com freqüência nos dias de hoje. É natural que as pessoas envolvidas em tais situações, exponham a sua indignação junto à sociedade, e reclamem os seus direitos perante a Justiça. Todavia, vale a pena refletirmos um pouco sobre a origem dessa falta de honradez e de cidadania.
Temos de convir que todos passaram pela infância e, em tese, podemos dizer que não receberam as primeiras lições de honra como deveriam. Foram certamente os pais que falharam e posteriormente os professores e atendentes das antigas creches, maternais e jardins, hoje Escolas de Educação Infantil. E aí encontramos-nos novamente diante de um círculo vicioso, pois quem não recebeu as tais lições em tenra infância, por certo também não saberá ministrá-las aos pequenos. É uma questão de caráter, que, conforme Freud, estabelece-se bem cedo em todos nós, na primeira infância. Quando os filhos são pequenos, não recebem a devida atenção às suas más inclinações ou, o que é pior, são incentivamos, muitas vezes, com o próprio exemplo dos pais, irmãos mais velhos, domésticas e os já referidos profissionais da Educação.
Se as crianças desrespeitam os horários estabelecidos, não costumamos cobrar delas uma mudança de comportamento... Se prometem alguma coisa e não cumprem, não lhes falamos sobre a importância da palavra de honra... Assim, a palavra empenhada não é cumprida, e nós não fazemos nada para que seja. Ademais, há pais que são os próprios exemplos de desonra, não? Prometem e não cumprem! Dizem que vão fazer e não fazem! Falam, mas a sua palavra não tem o peso que deveria! É importante que pensemos a respeito das causas antes de reclamar dos efeitos! É imprescindível que passemos aos filhos e alunos lições de honradez! Ensinar aos meninos que as irmãs dos outros devem ser respeitadas tanto quando suas próprias irmãs. Que a palavra sempre deve ser honrada por aquele que a empenha. Ensinar o respeito aos semelhantes, não os fazendo esperar horas e horas para só depois atender como se estivéssemos fazendo um grande favor. Enfim, ensinar-lhes a fazer aos outros o que gostariam que os outros lhes fizessem, como reza a Ética.
Em geral se considera que existe dentro de cada indivíduo um código moral – em grande parte proposto pelo meio social e familiar – cuja transgressão determina uma sensação desagradável de tristeza e vergonha que costumamos chamar de culpa. A experiência nos tem obrigado a ver as coisas de uma maneira bastante diversa; em primeiro lugar, a grande maioria das pessoas não se comporta de um modo tido como digno por seu grupo, porque possui internamente um conjunto de regras que deverão ser seguidas; estas pessoas se comportam respeitando as regras basicamente por medo das represálias terrestres ou divinas.
O senso ético advém da pessoa ser capaz de se colocar no lugar das outras e estabelecer limites à sua conduta com a finalidade de não ser o causador de dramas para terceiros. A maioria das pessoas interrompe desde muito cedo o processo de sair de si mesma e também de tentar enxergar o mundo pelos olhos dos outros. Isto, evidentemente não é assim somente por que a pessoa deseja ser assim, mas por causa de uma grande fragilidade interna que a torna permanentemente ocupada consigo mesma e com seus interesses, são as chamadas pessoas egoístas, doentes, portanto.O egoísta não desenvolve um verdadeiro senso moral, se comporta sempre com o objetivo de tirar melhor proveito para si em cada situação, o que muitas vezes chegará a coincidir com a conduta ética.
Por outro lado, não há efeito sem causa. Todo efeito negativo, tem uma causa igualmente negativa, por essa razão, antes de reclamar dos efeitos devemos pensar se não estamos contribuindo com as causas, direta ou indiretamente. Basta olhar à nossa volta para nos entristecermos, para não dizer coisa pior. A política está desacreditada, os nossos direitos são desrespeitados a todo o momento, os cidadãos não sabem onde termina o limite do seu direito e onde começa o dever do Estado, e por isso, muitas vezes, fazem pleitos e críticas sem consistência. Por tudo isso, quero convidá-los hoje a meditarem a respeito e a se conscientizar e a aceitar o poder da nossa responsabilidade sobre tudo que anda acontecendo em termos de falta de educação. Aceitar que a responsabilidade para mudar o caos que está ocorrendo no nosso planeta não é do astral, nem dos governos, nem do outro, mas de cada um de nós. Vamos aceitar o desafio de transformar o caos interior, familiar e social, colaborando para harmonizar o externo e acreditar nos nossos Dever e Poder. Pensem nisso!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cuidado com a contaminação inconsciente se você for sensível poderá apresentar sintomas que não são seus



Gladis Maia

Muitas pessoas apresentam certos comportamentos anti-sociais que muitas vezes são interações inconscientes, verdadeiros ‘contágios psíquico’, independente da vontade de quem os executa. Eudes Alves e Eliezer Mendes,in Congresso Mundial de Parapsicologia e Psicotrônica, 1979, São Paulo.

Muitas pessoas são como o aço, ficam magnetizadas com a influência de outras pessoas. Hoje podemos compreender muito bem como Mesmer, no século XVIII, se sentiu influenciado com a idéia do magnetismo. Naquela época não havia outro conceito que pudesse representar tão bem, essa contaminação do inconsciente, quanto o magnetismo.
A captação do inconsciente é um processo natural e comum. É a base da transferência nas terapias psicológicas e também na aprendizagem. Na realidade, é o mecanismo básico de toda relação humana, seja ela boa ou má, explica o Dr. Eliezer C. Mendes, in ‘Contaminação Vibratória’, que - Juntamente com outro psiquiatra, Eudes Alves - criou a expressão ‘psicotranse’, para designar às alterações da consciência, em qualquer nível ou profundidade.
Diferenciando-se do conceito de transe mediúnico, definido por Allan Kardec, que vincula o transe à influência dos espíritos dos mortos, os autores procuram com este conceito focalizar mais o lado psicológico desses estados alterados de consciência. O termo abrange o conceito de inconsciente dinâmico e resgata essa importante área do comportamento psicológico, que os espíritas chamam de animismo, por ser produzido pela mente do médium.
A maior parte dos espíritas, atribui os fenômenos inconscientes aos espíritos dos mortos, porém essas manifestações, muitas vezes classificadas como fantasias, são de extrema importância para as terapias, seu valor está muito além daquilo que o próprio Freud atribuiu ao ‘Id’, como produto da repressão.
O psicotranse é um momento de consciência – em qualquer circunstância - no qual aconteça uma modificação do nível consciencial, seja nos estados Beta (vigília), Alfa (estado de meditação ou relaxamento profundo), REM (momento de sonho, durante o sono), hipnose, ou em qualquer outro estado mental.
Geralmente, as pessoas não percebem as modificações dos estados alterados de consciência, principalmente quando estes acontecem em nível Beta; outras vezes as pessoas têm a sensação que dormiram e, aparentemente, não lembram do acontecido durante esses momentos, semelhantes à amnésia pós- hipnótica.
O psicotranse se confunde - de certo forma - com outras peculiaridades geradas por nossa mente, como os estados de ausências ( ou crepusculares), tão comuns nas disfunções cerebrais mínimas, geralmente vinculadas às epilepsias.
Por outro lado, esses estados em nada diferem daqueles denominados estados superiores de consciência, freqüentemente vivenciados por santos e místicos.
A tendência da Ciência - antes do advento da anti-psiquiatria e da psicologia transpessoal - era a de ver qualquer modificação da consciência, ou do comportamento, como sendo um estado patológico.
Lopez Ibor, famoso psiquiatra espanhol, chega a classificar Jesus Cristo, o filósofo sueco Swedenborg e o poeta Strindberg como doentes psicóticos alucinados.
Hoje admite-se as variáveis individuais, e também, aceita-se a possibilidade da existência de estados alterados de consciência, estados não percebidos nos níveis comuns, sendo considerados, todos eles, estados normais e alternativos do comportamento humano.
As alterações (disritmias) constatadas no EEG dos sensitivos, médiuns, estigmatizados e outros, deixa bem claro, que estas alterações não são patológicas. Todas as pessoas sensíveis apresentam alterações EEG. Essas alterações desaparecem com a meditação, com o treinamento do controle das ondas cerebrais (biofeedback) e com o eletro-sono.
O psicotranse pode ser desenvolvido por treinamento. Como qualquer outro estado hipnótico, ele é absolutamente natural e normal, fazendo parte da dinâmica do psiquismo e, como todo estado hipnótico, não tem nenhuma interferência de qualquer força sobrenatural. Ele pode acontecer muitas vezes espontaneamente de forma inconsciente, sem que as pessoas percebam suas alternâncias de personalidade, alterações de humor etc.
São sintomas de outra pessoa, ligada emocionalmente à ela. Esses sintomas poderão ser físicos, psicológicos ou comportamentais. Com o treinamento as pessoas identificam claramente a fonte de origem desses sintomas, libertando-se deles sem sofrer indevidamente.
Todo estado alterado de consciência é um psicotranse. Os dois psiquiatras contam que certa ocasião, quando pesquisavam o assunto, que uma sensitiva que participava do tratamento de um paciente cleptomaníaco, apareceu na clínica com um colar de pérolas. Ela tinha apanhado aquele colar em uma joalheria, perto da clínica, sem que a vendedora se apercebesse. Colocada em transe, ela contou como havia realizado aquele ato ilícito. "Eu olhei nos olhos dela (da vendedora) e peguei o colar. Ela não disse nada e eu fiquei com ele! "
Rapidamente eles foram até a loja para corrigir aquele ‘ato ilícito’ da sensitiva; procuraram a vendedora e pagaram o colar. A vendedora inclusive mostrou-se surpresa porque não tinha notado nada de anormal na visita de sua cliente e nem tinha notado a falta do colar.
Eliezer e Eudes citam também um trabalho científico de Enrique Novillo Pauli, autor de ‘Los Fenómenos Parapsicológicos’, que constatou que o estresse das pessoas testadas têm uma ação negativa, mesmo à distância, sobre os vegetais, confirmando o efeito de um ser vivo sobre outro. Embora, ainda hoje, seja muito difícil transmitir a idéia dessa interação inconsciente, entre os estudiosos ortodoxos da mente, ela é muito familiar entre as correntes alternativas da Psicologia e Psiquiatria e da Parapsicologia.
São numerosos os terapeutas que trabalhavam com essa linha, através dos procedimentos iniciados pelo Dr. Eliezer Mendes, no IBPC - Instituto de Parapsicologia Clínica, em Salvador, na Bahia, na década de 70. Fica o alerta: se alguém, subitamente, começar a ‘mudar de personalidade’ ou ‘adoecer’ como se tivesse sido contagiada de uma doença não contagiosa, já sabem, pode estar acontecendo um psicotranse!

O Amor estimula a nossa criatividade insuflando o nosso entusiasmo pela vida e inspirando a nossa alma poética.




Gladis Maia


Onde há Amor é impossível a violência, o terrorismo e as guerras. Despertemos a todo instante o amor no nosso coração para todos os seres viventes. É a melhor contribuição que podemos dar para a nossa humanidade sair do atoleiro em que está enleada!
Pierre Weil


O Amor foi progressivamente abafado por quatro mil anos de dominação dos homens, que limitaram a participação das mulheres à família e ao lar, o que implicou na repressão dos valores femininos encontráveis neles e no próprio Amor. A nossa cultura machista está na raiz do desenvolvimento extremo das qualidades intelectuais, mais particularmente da Razão, que leva ao domínio absoluto da Ciência e da Tecnologia e limita a Educação ao puro Intelecto.
Os valores do Coração e do Espírito são desprezados e relegados à Religião! Homens e mulheres cindiram Razão e Coração! Chegamos ao extremo da aplicação ‘racional’ da Ciência, via Tecnologia, fabricando, descontroladamente, armas para a matança de seres indefesos no terrorismo ilegal, nas guerras legais, tanto faz. As empresas usam a Tecnologia tanto a serviço de valores construtivos como destrutivos, contanto que o resultado implique em lucro.
O advento do movimento feminista levou as mulheres à saírem do lar para trabalhar fora e com elas, progressivamente, os valores afetivos chegaram à empresa e ao trabalho humano em geral. À preocupação masculina exclusiva de ‘Efetividade’, começa a se integrar, harmoniosamente, o valor feminino da Afetividade. Ao foco exclusivo na produção está se acrescentando, paulatinamente, um interesse cada vez maior pelas pessoas e pela qualidade de vida de cada funcionário.
Esperamos que com o ingresso da mulher na Política, o Amor e a preocupação pelo ser humano se tornem cada vez mais pontuais na gestão das sociedades. O futuro desta gestão se acha, certamente, num reencontro do masculino e do feminino em cada um de nós, sejamos homens ou mulheres.
A falta de Amor à Natureza vem causando um caos galopante através da destruição ecológica. Tirar o Amor da vida humana é ameaçar a vida do Planeta. Nossos atos impensados e ausentes de amorosidade têm nos levado a um suicídio progressivo, que já começou.Quando não são as guerras, as hecatombes e a vil exploração do seres humanos por outros semelhantes, é a natureza que vem galopantemente respondendo aos maus tratos que recebeu através dos séculos...
Por outro lado, é muito pobre a visão que homens e mulheres têm de si mesmos, principalmente as mulheres. O cerne da dificuldade dos homens entenderem as mulheres e vice-versa está na nossa dificuldade de lidar com as diferenças, por que elas sempre provocam uma tendência a comparações. O curioso nas comparações entre homens e mulheres é que quase todos eles se sentem por baixo, inferiores a elas, embora transpareça o contrário. Trata-se de um mecanismo para encobrir o verdadeiro sentimento de inferioridade, explica a Psicologia.
Várias pesquisas em torno do assunto vêm demonstrando que as mulheres variam mais quanto a este aspecto e pelo menos uma boa metade acha a condição feminina mais favorável.
As mulheres parecem portadoras de uma multiplicidade que nem elas próprias entendem. Os homens as invejam porque consideram que elas teriam uma enorme facilidade para o sexo casual, já que estão sempre sendo paqueradas por alguém. A maior parte das mulheres não se interessa por isso, apesar de adorarem se exibir e atrair olhares.
Parece que o prazer exibicionista é suficiente para as mulheres, o que não faz o menor sentido para os homens.Outras têm medo de sua exuberância sexual e tratam de se deformar: engordam demais justamente na mocidade e descuidam de outros elementos de sua aparência.
A maioria das mulheres busca mesmo é o sexo associado ao amor e faz, cada vez mais, o discurso pela igualdade que pede o sexo sem compromisso. Isso justamente quando os homens jovens estão se desinteressando disso.
As pesquisas também apontam que os homens de mais de 35-40 anos, continuam a manifestar todos os comportamentos tradicionais de machismo agressivo ou de reverência intimidada diante das mulheres – próprio dos homens mais idosos - especialmente as que lhes despertam o desejo sexual.

Já os que se encontram na faixa etária entre 20 e 35 anos, estão totalmente perplexos e perdidos e não sabem muito bem como se posicionar. Tendem a ver as mulheres de forma mais igualitária, respeitando-as profissionalmente. Mas eles ainda invejam o poder sensual delas e isso determina duas tendências: uma delas é a de continuar a agir - ainda que de forma disfarçada - da maneira mais tradicional, como os mais velhos; ou tentar imitar o modo de ser delas, tentando despertar seu desejo, por meio do aprimoramento de suas aptidões físicas; são os que freqüentam as academias, usam cremes, gastam bastante com roupas e outros adornos.
O terceiro grupo é dos jovens com menos de 20 anos. Estão numa boa! Vêem as mulheres reais apenas como parceiras românticas e se interessam sexualmente por elas apenas quando estão namorando. Não freqüentam prostitutas e não têm muito interesse no sexo casual. Preferem o sexo virtual ou no contexto amoroso. Não são paqueradores e não se sentem por baixo pelo fato de não provocarem o desejo das mulheres, porque estão sempre muito satisfeitos sexualmente graças aos seus “programas virtuais”. Costumam ser moços serenos e até mesmo um pouco preguiçosos, pois não sentem que precisam fazer muita força ou ter muito sucesso para terem acesso às moças que, não sendo assediadas, passaram a assediá-los.
Talvez ainda haja tempo de nos recuperarmos, se os homens mudarem a visão que têm das mulheres, das suas avós, suas mães, das irmãs, suas parceiras, das colegas de serviço,e de suas amigas ...
Quero viver para ver também o dia em que as próprias mulheres mudarão o conceito que fazem de si mesmas, por que cresceram dentro de um universo onde bigodes e barba davam a idéia de que só quem os possuía poderia escolher, determinar, comandar, mandar... Ainda há muitas mulheres subservientes aos homens – sejam eles pais, patrões, maridos, namorados... - e muitas outras que se comportam como se homens fossem – e dos antigos – ao chegarem ao poder. À mudança, rumo ao Amor!

domingo, 23 de setembro de 2007

A única pessoa capaz de fazer mudanças em sua vida é você mesmo, assuma isso e comece logo o projeto.






Gladis Maia

Todos temos um propósito único neste planeta somos muito mais do que nossas personalidades, nossos problemas ou doenças. Muito mais do que nossos corpos, Estamos todos interligados a tudo o que é vivo, somos espírito, luz, energia, vibração e amor, possuidores do poder de viver uma vida com significado e propósito.
Louise Hay in O Poder dentro de você.

Já dizia Léo-Tsé, que a viagem de mil léguas começa com um único passo... Existe apenas um remédio para resolver qualquer problema: amarmos a nós mesmos. Amar a si próprio é a atitude mais importante que existe! Além de tudo, essa é a receita para a Paz Mundial!


Uma problema sério, uma tragédia mesmo, pode redundar em nosso maior bem se a encararmos de uma forma que nos fará evoluir. Ame-se agora, não deixe esse prazer para depois! Não adie essa atitude, pois viemos a esse mundo para obtermos um amor incondicional, que começa com a nossa auto-aceitação e estima.



Viemos para nos realizarmos e expressar amor em todos os níveis. Estamos aqui para aprender, para evoluir, absorver e irradiar a compaixão e compreensão. Perceba que na raiz de nossos problemas e limitações há sempre um certo grau de ressentimento, de medo, de culpa e de crítica nos sentimentos que temos por nós mesmos e pelos outros.



Quem está doente deve olhar a sua volta e verificar a quem precisa perdoar... Só nos curamos se estivermos livres de mágoas e de ressentimentos. Se uma pessoa nos fez muito mal, prejudicando-nos, devemos abençoá-la com muito amor e deixá-la sair de nossa vida, afastando todo pensamento dela.



O perdão, além de retirar um fardo pesado de nossos ombros, abre a porta para que o amor possa entrar. O perdão concedido a si mesmo e aos outros, juntamente com o abandono de velhas mágoas cura mais enfermidades do que qualquer remédio já o fez.



Quando ainda não estamos prontos para nos libertarmos de uma determinada condição ou situação, porque ela de alguma forma está nos servindo para alguma coisa - nem que seja para nos fazermos de vítimas - parece que nada funciona para eliminá-la.



Ao contrário, quando estamos dispostos a deixar ir embora essa condição ou situação a menor das circunstâncias pode auxiliar-nos a nos livrarmos dela de uma maneira surpreendente.



Um dos modos de deixar que o processo da vida se desenrole de forma positiva e saudável, é afirmar constantemente aquilo que consideramos ser as nossas verdades pessoais.Devemos optar pelo positivo! Escolher afastarmos-nos das crenças limitadoras que nos vêm negando os benefícios do que tanto desejamos. Devemos declarar nossos padrões de pensamentos negativos apagados da mente, largá-los, deixar ir, com seus fardos temores e medos.



Mas não esconda especialmente de si mesmo, o que está acontecendo de mal com você. É bom sabermos o que está ocorrendo dentro de nós, para podermos soltar o que nos perturba, liberar por completo, o ódio por nós mesmos, a culpa e a autocrítica que só servem para elevar o nível de estresse do organismo e enfraquecer o sistema imunológico.



Lembremos sempre que os pensamentos que escolhemos são as tintas que usamos para pintar a tela de nossa vida. Não importa qual seja a situação negativa que estamos enfrentando, precisamos pensar que ela existe por algum motivo, talvez para nos ensinar algo ou levar-nos a procurar um modo mais positivo de atender às nossas necessidades.



O livro citado na epígrafe nos aconselha a todos os dias declararmos a nós mesmos o que desejamos da vida. A falar como se já possuíssemos o que tanto almejamos! Trata-se de assumirmos a responsabilidade pela nossa própria vida.



E para que isso ocorra, precisamos nos responsabilizar pelas palavras que saem da nossa boca. As palavras e frases que emitimos são extensões de nossos pensamentos. Se estivermos usando palavras negativas ou limitadoras, devemos modificá-las por algo mais saudável.



O corpo humano é uma máquina magnífica, onde cada peça está ajustada com perfeição, se auto-regulando e avisando quando está com seu funcionamento prejudicado. Infelizmente a maioria de nós não se dá conta destes avisos, por que não se dá ao trabalho de prestar-lhe a atenção devida.



O corpo então precisa recorrer à dor para nos alertar que algo precisa ser mudado para que seu funcionamento volte a ser normal, correto, pois ele aspira a perfeição, deseja a saúde ótima. E olha que seus pedidos são geralmente muito simples: um pouco mais de sono, menos excesso à mesa, menos horas de trabalho, etc.



Louise Hay nos oferece algumas dicas para pararmos de nos torturar a caminho da felicidade, indicando dez passos para nos amarmos:


1) pare de se criticar, pois quando alguém sente que não é bom o bastante, encontra mil maneiras de se manter na pior das situações;


2) pare de amedrontar-se, não fique imaginando que o pior pode acontecer justamente a você, lembre-se de coisas agradáveis que já lhe aconteceram e que certamente são muitas;


3) seja gentil e paciente consigo mesmo, pense em sua mente como um jardim mal cuidado e dedique-se a poda de árvores apodrecidas como a do medo, arranque as ervas daninhas, como as críticas, plante lindas flores como os bons pensamentos e regue-as todos os dias;


4)seja gentil com sua mente, não se culpe por ter pensamentos negativos, nada melhor para sua mente do que o relaxamento, pois quem está sempre tenso e atemorizado fecha o canal de suas energias;


5) elogie-se, a crítica destrói o espírito, a sensação de não merecimento impede a aceitação de tudo de bom que a vida tem a nos dar;


6) procure apoio, permita que seus amigos o auxiliem;


7) ame suas falhas, seja qual for a provação que teve que passar, parabenize-se por ter tido a força de passar por ela;


8) cuide de seu corpo, faça exercícios, uma dieta adequada, durma as horas necessárias, etc.,


9)dialogue com o espelho, seu Eu Interior vai lhe dar conselhos bem proveitosos;


10) ame-se agora, aprendendo a se amar, você logo começará a amar e a aceitar os outros o que tornará sua vida mais agradável e produtiva. Não se pode mudar os outros, portanto deixe-os em paz! Cada um tem de aprender as suas próprias lições, inclusive você.
SE GOSTOU DAS DICAS, SIGA-AS!

A raiva é a força motriz existente por detrás da expressão do egoísmo, gerando sempre desarmonia e desequilíbrio.







Gladis Maia

A raiva é como um flash de fogo. Injeta, instantaneamente, no corpo, nas feições e, particularmente, nas mãos, nos olhos e nas mandíbulas, uma espécie de insistência protuberante.Zulma Reyo, in Na ausência de amor – O Processo da Quintessência.

No Aurélio, raiva significa: impulso violento contra o que nos ofende, fere ou indigna; ira, fúria, furor, zanga, ímpeto, agitação. V. cólera: ódio, ira, rancor: grande aversão; horror. Significados à parte, seja como irritação, impaciência, desdém, indignação ou como fúria e violência escancarada, a raiva só traz prejuízos, tanto ao seu portador, como ao seu destinatário seja ele uma pessoa ou objeto. Ambos desarmonizados, em pleno desequilíbrio – fatores essenciais para o atrito. Facilmente instala-se a discussão, agressões e a decadência dos verdadeiros valores.
A raiva tende a ferver! Se fizéssemos uma comparação desta emoção com as expressões variadas da água, veríamos que quando este sentimento nos domina é como se um vapor estivesse saindo por nossos ouvidos, narinas e boca. Sentimo-nos como verdadeiros dragões! Sem contar com os pensamentos reincidentes a cada espaço de tempo que passa ficando menor o intervalo de tempo, vindo aos turbilhões, reforçando e aumentando o desagradável sentimento.
Há grande urgência na raiva, assim como em todos os vícios. Compulsão! Não somos mais nossos mestres! Nossas ações seguem e demonstram ou uma rigidez extrema - para conter e engarrafar a raiva borbulhante - ou uma evidente liberação do tipo ataque de fúria sobre o objeto imaginado ou ambiente. A compulsão de dominar a cena está baseada na afirmação do indivíduo de que ninguém mais pode fazer o trabalho melhor do que ele (a). Pessoas precipitadamente zangadas dão “bons” políticos! Especialmente se seus interesses repousarem basicamente em si mesmos e ainda conseguirem fãs-clubes... São os fanáticos em relação às suas idéias, aos seus talentos, aos seus métodos! Advogados e negociadores também caem, mormente, nos ritmos da raiva enquanto ira.
Nas versões menos compactadas da ira, mais light digamos, podemos observar que sua energia nos traz um sentimento de estarmos vivos e a causa de lutarmos em nosso próprio interesse nos fornece uma experiência distorcida de significados, muitas vezes. O energizador mais freqüente da raiva, que é disparado automaticamente, é a auto-recriminação. Depois dela vem a frustração e a insatisfação crescentes. A irritação continua a se impactar em formações semelhantes a feixes bem apertados de pura TNT. Olhamos ao redor, surgem as comparações. A compulsão por nos expressarmos - não importando aquilo que queremos ou não queremos dizer- resulta sempre no dedo em riste, acusador e indicador do julgamento já pré-estabelecido!
Pessoas irrefletidamente iradas podem tornar-se grandes pregadores! O comportamento de uma pessoa irada fica polarizado entre colocar como exemplo aquilo que considera apropriado e a demonstração de como os outros lhe parecem incompetentes e tolos. A pessoa que se torna facilmente furiosa ou raivosa possui sempre uma forte rigidez mental ao redor de fatos e crenças, que fazem com que a sua raiva contida tenda a se acumular para entrar em ebulição posteriormente. Pensamentos raivosos são especialmente tensos! Para nos dissociarmos deles, temos de enfrentar, francamente, nossa necessidade subjacente de estarmos sempre certos.
Se você for especialmente inteligente, isso pode ser muito difícil. Você precisará trabalhar nisso durante um tempo, antes de tentar passar para um segundo estágio de aperfeiçoamento ou desenvolvimento espiritual. Reduzir as suas reações será de grande valor. Quando nos permitimos explorar nossos estados suaves ou mais fontes de raiva e suas expressões em nossas vidas diárias, com consciência centrada, começamos a reconhecer nossa própria capacidade de escolher nossos sentimentos e dirigi-los de modo a libertá-los da compulsão e, particularmente, dos efeitos ricocheteantes da agressão e outras formas de violência.
Geralmente nossos corpos se comunicam conosco antes de nossas cabeças sintonizarem o problema, dando-nos dicas que vão de sensações estranhas à psicossomatização de alergias, distúrbios intestinais, etc.
O ódio é uma forma extrema de raiva. Causa muito sofrimento e, mesmo quando, por conta deste sentimento nefasto, nenhuma ação é executada, sendo aparentemente controlada, uma pessoa que esteja enraivecida traz consigo um calafrio invisível. Quem quer que esteja por perto se contrai e se retrai tornando-se menos espontâneo e mais defensivo. Isso ocorre inconscientemente! Parece claramente uma resposta em nível celular à qualidade de energia que a raiva emite. Já quando ela não é contida e irrompe com violência, desnecessário comentar, pois o dano é demasiado evidente.
O que é ignorado, com freqüência, sobre os efeitos desastrosos da raiva, no entanto, é o dano que ela causa à própria pessoa que está experimentando o sentimento. Uma mente com raiva é uma mente em sofrimento: agitada, tensa, contraída, estreita. A qualidade da consciência muda, o julgamento e a prospecção racional deixam de existir! Todo o bom senso desaparece! A pessoa se sente inquieta e compelida. Nada é satisfatório! O sono é difícil, o corpo fica tenso, a noção do eu torna-se engrandecida, da mesma forma que a noção do outro. Há ainda um atributo esquisito e oculto na raiva: ela nos entretém. Viciados em raiva realmente se divertem! Forte sentimentos de justiçamento e de auto-justificação acompanham a raiva. Eles podem até assumir o comando da mente, mas subjacente ao prazer gerado por esses pensamentos encontra-se a dor de uma mente tão rigorosamente constrita que está fechada a qualquer espécie de enlace humano. As conseqüências são sempre sérias, por que a raiva é como um veneno na mente que acaba se propagando por todo nosso ser.Cuidado com a raiva, ela nos destrói bem antes do que a seu alvo!