domingo, 23 de setembro de 2007

Deixai ir à escola os pequeninos, pois deles é o reino do amanhã.



Gladis Maia


Nós somos culpados de muitos errose de muitas faltas, mas nosso maior crime é abandonar as crianças,negligenciando a fonte da vida. Muitas coisas de que nós precisamos podem esperar a criança não pode. Exatamente agora é o tempo em que os seus ossos estão sendo formados, seu sangue está sendo feito e seus sentidos estão sendo desenvolvidos.Para elas, não podemos responder “amanhã”.Seu nome é Hoje. Gabrielle Mistral

Neste momento de muita discussão sobre o paradigma da Escola Inclusiva, há muita confusão no ar, simplesmente muitos querem fazer crer que a idéia da inclusão é para os alunos da Educação Especial passarem para as turmas do ensino regular e ponto.Muitos pais de alunos “normais” se insurgem contra,alegando que seus filhos serão prejudicados.

Muitos pais de deficientes acham que os professores da escola regular não têm dado conta nem dos alunos “normais” e, que portanto não terão capacidade para lidar com seus filhos.Ambos ignoram que a inclusão representa um resgate histórico do igual direito de todos à Educação de Qualidade. Aos que nunca tiveram acesso às escolas; aos com altas habilidades (superdotados); aos que sem serem deficientes, apresentam dificuldades de aprendizagem; e outras minorias excluídas, como é o caso dos negros, dos ciganos, dos índios e anões, por exemplo, e que precisam nelas ingressar, ficar e aprender.

Parecem ignorar também que é na diversidade que reside a riqueza das trocas que a escola propicia.

As Conferências Mundiais de Jontien, 1990, na Tailândia e de Salamanca, 1994, na Espanha, são bem claras.Alertam para a propriedade de que as políticas educacionais dos países que participaram do encontro – e o Brasil participou - devem conferir aos grupos mais desfavorecidos e vulnerabilizados pelas condições de pobreza.

Aos analfabetos maiores de 15 anos, às populações rurais, às minorias étnicas, religiosas e de migrantes, aos menores de 6 anos, aos alunos com dificuldades de aprendizagem e aos portadores de deficiência. Faz-se necessário que esse mal entendido sobre os sujeitos da inclusão – ou seja, os excluídos de todos os gêneros e latitudes – se desvaneça.

Salamanca foi significativa porque esclareceu a filosofia e a prática da inclusão e resultou em um compromisso da maioria dos governos para trabalhar pela Educação Inclusiva.Salamanca foi importante porque ofereceu um fórum para a discussão e as trocas de idéias e de experiências sobre como o desafio estava sendo enfrentado em várias partes do mundo.

Salamanca foi bem sucedida em lembrar aos governos dos países signatários, que as crianças portadoras de deficiência devem ser incluídas na Agenda da Educação para Todos.E por oferecer um fórum para discussão e trocas de idéias e de experiências sobre como o desafio estava sendo enfrentado em várias partes do mundo.

Salamanca teve envergadura porque cerca de 125 milhões de crianças nunca freqüentaram a escola e 150 milhões iniciaram o processo de escolarização, mas a abandonaram antes que pudessem ler e escrever, sendo dois terços delas meninas.Isso considerando-se somente as crianças entre 6 e 7 anos, na Europa e na América do Norte.

Salamanca precisava existir porque em 16 países na África, responsáveis por mais da metade das crianças do continente africano, os índices de matrículas nas escolas de crianças entre 6 e 11 anos caíram.Considera-se que essa região é responsável por um terço de crianças do mundo que estão fora da escola e que a tendência indica que em 2015 aumentará para três quartos.

Salamanca precisava acontecer porque o maior grupo de crianças às quais estava sendo negado o direito à educação é constituído por aquelas com dificuldades de aprendizagem e com deficiências.São as crianças que vivem nas ruas ou que são obrigadas a trabalhar, em condições, muitas vezes, estarrecedoras. São as crianças que são vítimas das guerras, são crianças doentes, são crianças vítimas de abusos.Mais as que vivem em comunidades longínquas e nômades. São as crianças portadoras de deficiência ou com altas habilidades. São as crianças de outros grupos sociais em desvantagem e grupos sociais marginalizados.

Salamanca foi esclarecedora porque a pobreza não é a única explicação para esse infanticídio intelectual. Alguns países pobres, de fato, investem em educação, como é o caso de Cuba, Sri Lanka, Vietnã, China, Indonésia, Zimbaue.O governo de Uganda está implementando uma política de que quatro crianças em cada família terão acesso à Educação Fundamental gratuita.Ao mesmo tempo em que as crianças portadoras de deficiência tem preferência nessa modalidade.Isso fez com que as escolas de Uganda, nos anos de 2001 e 2002 duplicassem o número de estudantes.

Resta-nos conhecer a fundo os dados sobre o Brasil e suas inserção na Inclusão. Esperamos que sejam promissores!Que as nossas crianças, todas, que precisam ingressar, ficar e aprender em nossas escolas tenham este direito inalienável respeitado.E que a população num todo, não só os pais dos excluídos - e os próprios - gritem e exijam para que este direito seja respeitado, em todos os recantos deste planeta, nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos!

E que Deus esteja conosco hoje e sempre zelando por este direito que, em absoluto, é favor! Fazendo que as palavras passem a andar e não nos deparemos mais apenas com sonhos, mas com a mais justa e concreta e equitativa realidade!

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