
Gladis Maia
A meditação dos monges budistas feita em completa imobilidade, os rodopios frenéticos dos dervixes, a prostração dos mulçumanos e o balanço rítmico dos estudantes do Talmude são práticas que objetivam a superação das limitações do eu individual.
Walter Alberstein, in Conhece-te a ti mesmo.
No decorrer da História, foram muitos os grandes cientistas que foram místicos. Na Antigüidade, o médico Hipócrates, o matemático Pitágoras foram líderes de seitas místicas. Na Idade Média, Paracelso, mais conhecido por seu aspecto místico foi um notável reformador no campo da Medicina. E, em épocas mais recentes, Newton, Leibniz, Pascal e Descartes devotaram maiores esforços à Religião e à Filosofia do que as suas descobertas matemáticas. No século passado, homens do campo da Medicina como Lombroso, Freud, Carrel e os físicos Lodge, Einstein, Jeans , Eddington e Oppnheimer mostraram um interesse profundo pelos fenômenos psíquicos na religião e na filosofia mística. Viver plenamente em união é manter-se em harmonia consigo mesmo, com os outros e com o seu ambiente natural, meta básica entre os místicos.
A harmonia que devemos manter conosco mesmos refere-se ao nosso corpo, razão e emoções. Se violamos continuamente as leis naturais que operam em nosso corpo, não podemos manter uma boa saúde. Precisamos nos esforçar para tratar nosso organismo físico com o maior respeito e não comprometermos por negligência a sua harmonia.
O mesmo princípio se aplica à razão, porque é a partir dos nossos julga-mentos que dirigimos o nosso cotidiano. Devemos por isso refletir sempre sobre assuntos dignos de consideração, ler obras interessantes e meditar sobre os grandes problemas da humanidade. Sentimentos como cólera, orgulho, ciúme, maldade, medo, ansiedade e inquietação prejudicam consideravelmente nosso bem-estar emocional e também o equilíbrio físico, prejudicando a harmonia geral que deve prevalecer em todos os níveis do nosso ser.
Quanto a harmonizarmos-nos com os outros, partamos do pressuposto de que é impossível evoluirmos e mesmo vivermos sem estabelecermos contatos freqüentes com nossos semelhantes. O homem, como ser encarnado, não é uma individualidade tão autônoma como pensa que é. A vida comunitária Ihe é necessária, pois nenhum ser humano, por mais independente que seja, pode viver feliz e desabrochar sem satisfazer sua necessidade inata de comunicação Foi o instinto gregário que impeliu o homem a viver em sociedade e fazer dessa sociedade a garantia de seu bem-estar familiar.
Como todos precisamos uns dos outros, devemos evitar manter associações baseadas em força e domínio. Precisamos preservar a harmonia não só em nossa família, como viver em bom entendimento com todas as pessoas com quem convivemos na coletividade humana, com respeito mútuo e o desejo de colocar nossas diferenças de opinião e comportamento a serviço do bem-estar dos outros.
Já a harmonia que precisamos manter entre nós mesmos e nosso ambiente natural, infelizmente vem sendo imensamente maculada como podemos observar num simples olhar à nossa volta. Por preguiça, negligência ou interesses escusos, o homem não tem hesitado em perturbar o equilíbrio ecológico, até o dia em que sofra individual e coletivamente as conseqüências de seus atos, como já vem acontecendo a cada dia que passa, pois não podemos perturbar impunemente a ordem natural a que todos devemos a vida.
Também nisso o misticismo, enquanto crença no sobrenatural, tem sua vez, pois é o caminho que deve permitir ao homem reconciliar-se com a natureza. Sem essa reconciliação, a humanidade está condenada à autodestruição, pois toda investida contra seu ambiente natural priva-a de uma parte de si mesma. Quanto mais o homem tem consciência do que essa harmonia representa para o seu bem-estar pessoal, mais sente o desejo e a necessidade de harmonizar-se com seu meio ambiente natural.
A experiência vem demonstrando que todo indivíduo que toma consciência disso compreende que não existem vários tipos de harmonia e, sim, uma só Harmonia Cósmica, manifestando-se em diferentes planos e em diversos campos. Mas para que ocorra essa harmonização plena é necessário que nossa mente pessoal torne-se consciente da existência da Mente Cósmica, assim como nossa convicção intelectual. Infelizmente muitos de nós lutam contra isso por medo de perder a identidade e até mesmo sua suposta sanidade mental. O verdadeiro e único regente de nossas vidas deveria ser o nosso Eu Interior, passível de contato sempre que nos entregamos à verdadeira meditação. Trata-se de nosso próprio Eu Maior em unidade com o Nosso Coração e a Alma do Universo.
O estado de meditação pode ser alcançado por muitos meios, tais quais: engenhosos exercícios de Yoga ; pela contemplação budista introspectiva; e pelo Sanctum Celestial – método Rosacruz que invoca a Divina Essência do Cósmico - a Mente Universal - para que se infunda em nosso corpo e mente individual. Quando admitimos o influxo de uma mente maior nos tornamos canais do Poder e Sabedoria do Universo e nos tornamos co-criadores em associação com a Mente Maior, capazes de realizar qualquer coisa que possamos imaginar ou visualizar. Quanto mais deixarmos que o macrocosmo dirija nosso microcosmo maiores serão nossos poderes, com a conseqüência benéfica de que nosso interesse em aplicá-los em nosso próprio benefício diminuirá. Ainda segundo a filosofia Rosacruz, toda vida individual estará sujeita a dor, tristeza, derrota e morte, enquanto estiver se esforçando por manter uma identidade separada, mas poderá partilhar da imortalidade e da felicidade eterna ao compreender sua indivisa unidade com a Mente Universal. O místico confia na bondade deste Poder Mental, através da percepção da Ordem, da Harmonia e do Amor em toda a Natureza.
O mal e a desarmonia surgem das tentativas de vidas individuais desprezarem conscientemente as vidas de seus semelhantes. Precisamos para ser felizes e viver em paz e sermos um por todos e todos por um na Grande Unidade.Pense nisso!
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