sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Amizade como geradora de Competência Social



Gladis Maia

Os três melhores amigos de Jaime disseram:
1º - Ele faz com que eu me sinta bem quando estou triste, e quando fico furioso ele me acalma. Eu ajudei Jaime a correr 7 min. 15 seg. em uma corrida e jamais vou me esquecer disso.
2º -
Percebi que ele podia se adaptar com qualquer um na escola, que ele queria ter amigos, e ele é meu amigo. Ser amigo de Jaime tem suas vantagens. Ele é muito amável, atencioso, bom, educado e é o meu preferido – é um garoto ‘legal’ .
3º- Aprendi como deve ser um amigo de verdade. Ele é realmente um bom amigo. Aprendi que um amigo tem que ser bom, e aprendi isso com Jaim.
Já Jaime referiu-se aos amigos assim:
Eu tenho três amigos: Zach, José e Mark. um.dois.três.Eu gosto dos meus amigos. Gosto de implicar, correr e brincar com eles.
Bishop & Jubala in Jaime Will have a friend.

Segundo Staiback & Staiback, em “Inclusão, um Guia para Educadores”, as amizades servem para aumentar uma variedade de habilidades comunicativas, para proporcionar às crianças proteção, apoio e uma sensação de bem-estar. As amizades para as crianças com deficiência – apesar da freqüência com que os educadores e o pessoal de apoio negligenciam seu desenvolvimento, em favor do desenvolvimento de habilidades funcionais e acadêmicas – podem até ser mais importantes do que para as outras crianças. Isto devido a maior necessidade que elas têm de trabalharem seu desenvolvimento: lingüístico, cognitivo, social, sexual e acadêmico.
Embora as amizades não possam ser forçadas, seu desenvolvimento pode ser encorajado, alimentado e facilitado na escola e na comunidade. Uma variável fundamental no estabelecimento das amizades físicas é a proximidade física. Se as crianças deficientes
freqüentarem os mesmos ônibus escolares, os grupos da igreja, os programas esportivos, os recreativos,as lancherias ... Na escola do bairro teriam mais chances de criarem um elo de amizade importante, contribuindo maciçamente ao desenvolvimento de ambas as crianças.
Outro fator determinante da formação da amizade são as estratégias de classe com atitudes colaborativas entre alunos deficientes no contexto das atividades acadêmicas, físicas e sociais .
Além do trabalho compartilhado as atividades no almoço, recreio, as lições de casa em grupo, a própria disposição das carteiras nas salas de aula, que não devem ser individuais, mas em duplas, círculos.
Todos esses incentivos para as relações amigáveis no seio da escola e da comunidade contribuem de maneira significativa, não somente para a auto-estima do aluno com deficiência, mas também para conquistar o respeito de seu colegas. Mais próximos os alunos - deficientes ou não - passam a perceber as potencialidades e habilidades inerentes a um e a outro.
Embora pais e professores não possam escolher os amigos de seus filhos e alunos, podem observar as interações e alimentar as possibilidades que elas apresentam. A experiência da amizade pode ser estendida a todos em uma escola, em um bairro e em uma comunidade inteira, quando as pessoas trabalham juntas para criar oportunidades de entendimento de apoio e de aceitação dos outros como eles são e do que estão dispostos a dar e a receber.
Os alunos com e sem deficiência podem beneficiar-se da aprendizagem de habilidades específicas que podem melhorar a performance do desenvolvimento das amizades e das interações sociais. Podemos, por exemplo, começar ensinando-os a serem bons ouvintes, ativos, a darem um retorno positivo, a fazer perguntas e a responder às necessidades dos outros. Isto pode contribuir para a maior aceitação dos colegas.
Aprender a compartilhar os pertences, as idéias e os sentimentos, proporcionar conforto, ajuda e apoio são também componentes de amizade. Em alunos jovens a confiabilidade e a lealdade são muitas vezes testadas e as lealdades mudam constantemente. Ensinar a volorizarem-se
e apreciarem seu próprio caráter – pode ajudar no momento que se sentirem “traídos” ou propensos a”traírem”.
As interações que ocorrem durante um conflito entre alunos proporciona, uma maneira segura para expor queixas, sentimentos e diferenças de opinião, além de habituá-los para a vida em comunidade.
Bishop & Jubala -
citados por Staimbac & Staimback e outros – descrevem um trabalho realizado numa 6ª série (incluindo um aluno com deficiências importantes) na qual foi desenvolvida uma unidade sobre amizade). Um dos resultados foram as singelas e ao mesmo tempo veementes opiniões dos alunos sobre o que é para eles o sentimento da Amizade, num texto compilado por mim:
Na minha opinião, neste mundo de hoje, a maioria das pessoas precisa de pelo menos um amigo para conseguir sobreviver, porque uma amizade é a melhor coisa que se pode conseguir em toda a vida. Ser amigo é se encontrar um com o outro na escola ou em casa, ser ‘legal’ um com o outro e de vez em quando brigar, mas principalmente sermos amigos e ajudar um ao outro, quando precisar. Ser amigo significa ter uma pessoa que tem consideração e interesse por mim. Alguém que tenha os mesmos interesses e também interesses diferentes dos meus. Para ser um amigo de verdade, a gente tem de desenvolver um relacionamento duradouro e não agir mal com ele. Significa que a pessoas estão ao seu lado quando você precisar delas, estão aí para nos animar quando estamos tristes. Acho que amizade é se divertir junto e conversar sobre nossos problemas. Amizade é ir aos lugares juntos. Acho que amizade é compartilhar nossas coisas e os lugares divertidos em que estivemos.” E você, leitor(a) já teve um amigo assim? Se tem, que bom, se não, ainda há tempo para consegui-lo!

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