segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Jamais desistas dos teus sonhos, e pregues sempre o valor de sonhar.

Gladis Maia
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez... Raul Seixas

“Centenas de milhões de jovens estão nas escolas em todo o mundo, mas são vítimas de uma educação em crise. Os professores estão se transformando em máquinas de ensinar e os alunos em máquinas de aprender. O futuro da humanidade depende da educação. Os jovens de hoje serão os políticos, os empresários e os profissionais de amanhã. A educação não precisa de consertos, precisa passar por uma revolução. Nessa revolução, em primeiro lugar, é necessário que os professores sejam valorizados e aliviados.
Nunca uma classe tão nobre foi tão desprestigiada profissionalmente. Eles deveriam trabalhar menos e ganhar mais. Os professores da pré-escola à universidade deveriam ter um salário igual ou melhor do que o dos juízes, dos promotores, dos psiquiatras, dos psicólogos clínicos, dos generais, dos chefes de polícia. Por quê? Porque o trabalho deles é tão ou mais importante do que o de todos esses profissionais. Os professores educam a emoção e trabalham nos solos da inteligência para que os jovens não adoeçam em sua mente, não se sentem nos bancos dos réus, não façam guerras.
Quem é mais importante, aquele que previne as doenças ou aquele que as trata? A medicina preventiva é certamente mais importante do que a curativa. Os educadores são os profissionais que mais contribuem para a humanidade. Todavia, eles estão em um dos últimos lugares na escala profissional. Qualquer policial é tratado com mais dignidade do que eles. O mais triste é saber que professores cuidam dos filhos dos outros, mas muitas vezes não têm recursos para educar seus próprios filhos.
Muitas escolas particulares querem pagar salários melhores para seus mestres, mas não suportam. Os governos deveriam subsidiá-las, deveriam resgatar também a dignidade das escolas públicas. Alguém poderia argumentar dizendo que os governos faliriam se investissem fortemente na educação. Se metade do orçamento das forças armadas, do dinheiro gasto com as pesquisas com antidepressivos, com o aparato policial, com o combate ao uso de drogas fosse investido na educação, os jovens teriam mais chances de ser menos repetidores de informações e seriam mais pensadores, menos doentes e mais sábios, menos frustrados e mais sonhadores.
O caos da humanidade é reflexo do desprezo que as sociedades modernas têm pela educação. Nos discursos políticos a educação está em primeiro lugar, na ação concreta está em último. As sociedades que desprezam seus jovens, asfixiam seus futuro. [...] O índice de agressividade, ansiedade, depressão, fármaco-dependência, alienação social entre os jovens cada vez aumenta mais. Os professores estão estressados, e os alunos ansiosos.
A crise na educação não se deve apenas à desvalorização do professor, mas também à falência do processo de aprendizagem.
O sistema educacional é obssessivo-compulsivo. Os alunos são colocados no mesmo programa, como se todos tivessem personalidades iguais. O conteúdo e o programa de ensino são engessados. Os professores são obrigados a seguir um rígido programa. Os alunos são bombardeados com milhões de informações inúteis. Eles se estressam e estressam seus alunos. A função da memória não é ser um banco de dados, mas um suporte da criatividade. [...] O sistema educacional dissipa a saúde psíquica dos professores e a motivação dos alunos para construir o conhecimento. O resultado? Poucos alunos de fato aprendem e quando aprendem não sabem para que serve o conhecimento que adquiriram. Não há o prazer de aprender como Platão sonhava.
Nos últimos seis meses dei conferências para mais de 25 mil educadores. Muitos eram professores universitários. Eles representavam um universo de mais de dois milhões de alunos. Eu lhes perguntei: o que é mais importante para formar um pensador – a dúvida ou o conhecimento pronto? Todos disseram que era a dúvida. Em seguida, indaguei: ‘O que vocês ensinam?’ Surpreendidos e honestos, disseram e que ensinavam o conhecimento pronto. Este é o sistema. Damos o conhecimento pronto e acabado para os jovens. Não os estimulamos a criticar, questionar, discordar. Os alunos não descobrem, não criam, não ousam pensar, não se aventuram. [...] Os professores são poetas da vida, mas o sistema de ensino, do nível fundamental à universidade, tem formado servos. Os jovens estão despreparados para enfrentar os desafios exteriores e os conflitos interiores. Não sabem proteger sua emoção, administrar seus pensamentos, expor suas idéias, pensar antes de reagir.
O conhecimento, que dobrava a cada dois séculos, hoje dobra no máximo a cada cinco anos. O que fazer com o todo esse conhecimento? Exigir que o professor ensine e que os alunos aprendam é fabricar pessoas doentes. O excesso de informações excita a construção exagerada dos pensamentos, gera ansiedade e obstrui a criatividade. Todos os grandes pensadores da história brilharam não pelo excesso de conhecimento na memória, mas pela sua capacidade de duvidar, de se abrir ao novo, de percorrer áreas nunca antes pisadas, de expandir sua inventividade”.
Hoje, em homenagem aos professores, que terão seu dia no próximo 15 de outubro, cedi minha coluna neste blog, ao escritor, psiquiatra e cientista Augusto Cury, fazendo minhas as suas palavras. Suas idéias foram compiladas de Nunca Desista dos Seus Sonhos, Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2004. E nós professores, pais e alunos quando vamos acordar as autoridades para fazer a Revolução pela Educação? Mais do que nunca é a hora, já que no mundo todo o assunto em voga agora é a Educação Inclusiva. Nas palavras de Vandré: “... esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer!!!...”

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